AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Os impactos do Coronavirus (Covid-19) têm atingido vários setores da sociedade e a economia é a que já vem sentindo mais fortemente as consequências da pandemia. De acordo com o economista Fábio Martinez, o isolamento domiciliar da população roraimense poderá diminuir o movimento do comércio e a indústria e as pequenas e microempresas serão prejudicadas.
“Existe esse receio em relação à doença e as pessoas acabam ficando em casa. Naturalmente a tendência é que as pessoas diminuam os gastos. Outro fator que ocorre é que, se o trabalhador está em casa, a produção também cai e se reduz o consumo. Por parte da empresa, se tem menor consumo, as vendas reduzem; e se a situação apertar, o empresário poderá não ter condições de pagar os salários dos funcionários e as chances de redução de emprego aumentam. É claro que é uma projeção de 30 a 60 dias, mas o coronavírus abre possibilidades para essas situações”, explicou Martinez.
O economista ressaltou que, para diminuir esse impacto na economia, foram tomadas algumas medidas por parte do Governo Federal, como a redução momentânea da carga tributária, antecipação do 13º salário, isenção temporária do pagamento do Simples Nacional, entre outras medidas. “Na prática, os empresários não terão essa preocupação, ou seja, é um custo a menos para esses investidores”, acrescentou.
A arrecadação de impostos por parte de todas as esferas de governo também poderá passar por problemas com a falta do público no comércio, já que há a possibilidade de haver redução ou até a interrupção nessa arrecadação. As exportações também devem ser atingidas.
“Por outro lado, haverá aumento no gasto com estrutura hospitalar, o governo terá que investir mais nessa área, seja nos hospitais ou nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Em relação às exportações, se as fronteiras forem fechadas para a população, talvez não sentiremos um impacto grande, mas uma queda significativa pode ocorrer se as mercadorias exportadas, principalmente para Venezuela e Guiana também não passarem nessas faixas fronteiriças”, frisou.
Empresários ainda não preveem demissões
Com a possibilidade de haver queda dos lucros na economia local, alguns empresários já estão de olho no atual cenário. Proprietário de uma empresa de fabricação de cerâmica, André Felício Gonçalves afirma que não houve impactos significativos para a empresa, porém uma pequena queda nas vendas foi verificada. Ele também comentou que agirá conforme for necessário no quesito de parada da linha de produção.
“Estamos acompanhando a evolução do quadro local e infelizmente estamos passando por algo sem precedentes. Ainda não sabemos como reagir a tal situação, mas o fato é que vamos aderir às orientações dos órgãos competentes e fazer o que for preciso para prevenir e resguardar nossa saúde e de nossos colaboradores e seus familiares”, disse Gonçalves, que assegurou que ainda é cedo para se falar em demissões. “Conforme o cenário vai se desenhando, acreditamos que férias coletivas será a melhor opção”, complementou.
Dona de uma pizzaria no bairro Cauamé, Silvia Antunes também está preocupada sobre a presença de clientes em seu estabelecimento, que diminuiu nos últimos dias.
“O nosso movimento tem diminuído, porém nossas vendas no delivery aumentaram nesse fim de semana. Não foi significativo, mas teve esse pequeno pico.”, declarou Silvia, alegando que não pretende demitir funcionários da pizzaria, que já trabalha com equipe reduzida a certo tempo.
Eventos no interior são cancelados e economia pode ter problemas
Em entrevista concedida à Rádio Folha nesta terça-feira (17), o secretário estadual de agricultura, pecuária e abastecimento (Seapa), Emerson Baú, confirmou que vários eventos marcados no interior do estado para os próximos dias foram cancelados, motivados pela medida expedida pela Organização Mundial da Saúde e reforçou a tese de impactos negativos na economia.
“Em conversa com o Secretário de Planejamento, Marcos Jorge, verificamos que o governo do Estado já está se preparando para os danos que o Coronavírus pode trazer para a economia de Roraima e analisando estratégias que podem ajudar a vida empresarial. Não é uma garantia, mas o secretário tem essa sensibilidade e junto a Secretaria do Estado da Fazenda (Sefaz) está analisando este ambiente de negócios nos setores que serão mais impactados”, argumentou Baú.