Cotidiano

Empresários vão repassar ao consumidor

Entidade empresarial diz que empresas trabalham no limite e mais esse reajuste na conta de luz vai onerar o faturamento

O reajuste de 16,78% na tarifa de energia elétrica para os consumidores de Boa Vista foi criticado pelos lojistas de Roraima, que anunciaram que vão repassar esse aumento para os consumidores, conforme o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Edson Freitas. “Já pagamos a energia mais cara do Brasil e, com mais esse aumento, vai repercutir nos preços da mercadoria e serviços, que será repassado para o consumidor. Isso acontece naturalmente com cada lojista, apresentando um critério próprio da empresa”, frisou.
Segundo Freitas, as empresas de Roraima já trabalham fazendo mensalmente as contas na ponta do lápis na tentativa de baixar custos de energia com atitudes de economizar, entre elas de desligar máquinas e equipamentos que não estão sendo usados no momento, lâmpadas e usando luz natural.
“Essas atitudes já são usadas em muitas empresas e especialmente no Distrito Industrial, onde alguns empresários que implantaram o Projeto Energia Verde, onde colocam funcionários para trabalhar em horários diferentes para obter desconto na conta de luz, mas, até agora, não receberam nada em troca”, frisou.
Aliado ao aumento, o presidente da CDL Roraima ressaltou o momento de incertezas com a mudança política que afeta diretamente a economia do Estado. “A economia está parada e qualquer aumento que é anunciado complica mais ainda, como foi o caso da taxa Selic, pelo Governo Federal, e mais a taxa de energia, o que nos deixa mais preocupados. E o ano que vem será de arrocho”, disse.
Outra preocupação de Edison Freitas é quanto à falta de energia confiável do Estado em relação à inauguração dos dois shoppings que estão para ser inaugurados em Boa Vista. “Estamos na iminência de inaugurar dois shoppings e talvez nem funcionem em sua plenitude por falta de energia confiável. Isso é um fato preocupante”, disse. “Então, aumentam a taxa e não apresentam um serviço de qualidade”. (R.R)      
Agricultora reclama de reajuste e pede diferença para energia rural
Kátia Alves, que é agricultora da Vicinal 18 do Município de Rorainópolis, Sul do Estado, ficou indignada quando soube do reajuste de 54,06% que a CERR anunciou para os consumidores do interior do Estado a partir deste sábado. “É um absurdo dos grandes! Embora atualmente pague apenas a taxa devido à queima de um transformador, a CERR nunca foi consertar o relógio [contador de energia], mas prometeram que este ano vão regularizar e teremos que pagar mais caro. Mas essa energia que nos fornecem é de péssima qualidade”, frisou.
Segundo a moradora, a falta de energia é constante, chegando a cerca de cinco horas por dia, em média, em três a quatro dias por semana. “Às vezes, passamos a noite toda sem energia e, durante o dia, a energia fica oscilando devido aos motores das madeireiras. Isso queima muitos aparelhos de TV, geladeiras, máquinas de lavar e até lâmpadas”, disse.    
Ela informou que a CERR está fazendo a troca de postes na região, mas ressaltou que o trabalho não está surtindo o efeito desejado. “Estão tirando os postes velhos, mas a fiação é a mesma, já desgastada e cheia de remendos. Por isso não acho que não merecemos pagar esse aumento. Se pelo menos fosse energia de qualidade, pagava com gosto. A não ser que se pague esse aumento para que a prestação de serviços seja melhorada. Mas mesmo que fosse, acho que o aumento é muito alto. É mais da metade do que se paga hoje, não há justificativa para isso”, reclamou.
Ela ressaltou que a energia fornecida para os colonos deveria ser de qualidade e ter um valor diferenciado. “Eles [CERR] têm que entender que no Interior só moram colonos, e colono não tem dinheiro. Por ser energia rural, não deveria haver um aumento desse”, frisou. (R.R)  
Reajuste já vai valer a partir de sábado
O reajuste na tarifa de energia elétrica em Roraima foi autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a Eletrobrás Distribuição Roraima (Boa Vista Energia) e a Companhia Energética de Roraima (CERR) a partir deste sábado, 1º de novembro, segundo informou dirigentes das duas companhias que atuam no Estado.
Com a autorização, os consumidores residenciais da Capital, que são atendidos pela Eletrobrás Distribuição Roraima, o aumento será de 17,04%, enquanto que para os consumidores com fornecimento em alta tensão, o reajuste será de 16,78%. Já os consumidores do interior do Estado, que são atendidos pela CERR, terão aumento médio de 54,06%.
O gerente do Departamento de Regulação da Eletrobrás Roraima, Elizandro Tataíra Coutinho, explicou que o reajuste médio é calculado pela Aneel mediante informações enviadas pela Distribuidora Roraima, tais como a quantidade de consumidores, o mercado atendido e a receita da empresa. “A análise é feita pela diretoria da Aneel, que aprova o índice e publica o resultado do aumento”, disse.
Para se chegar ao índice de reajuste, Elizandro informou que é levada em consideração a correção pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) menos o fator X, mais as informações da empresa, já disponibilizadas para a Aneel. “Com essa correção, que é feita exclusivamente pela Aneel na data base de cada uma e não tem a interferência das empresas, faz com que as concessionárias tenham como cobrir os custos operacionais que terá com expansão no sistema para novos clientes e melhorias na rede para que não se tenha tanta oscilação e queda de energia”, frisou. 
No caso das duas concessionárias de Roraima, a data base é 1º de novembro de cada ano, o que não quer dizer que todos os anos haverá aumento. No ano passado, por exemplo, não houve aumento, mas, devido a uma Medida Provisória, houve redução na tarifa.
A diretoria da CERR confirmou, através de nota, que a Aneel estabeleceu o aumento de 54,06% de Reajuste de Tarifa de Energia e que passa a vigorar a partir deste sábado. Quanto aos critérios relacionados para se chegar ao patamar de 54,06% de reajuste, a assessoria de imprensa informou que o critério usado para estabelecer o reajuste é baseado na receita da concessionária de distribuição, composta por duas parcelas: a “Parcela A”, representada pelos custos não gerenciáveis da empresa (encargos setoriais, encargos de transmissão e compra de energia para venda); e a “Parcela B”, que agrega os custos gerenciáveis (despesas com operação e manutenção, despesas de capital).
Nesse processo, os critérios utilizados para estabelecer o aumento ou diminuição das tarifas são calculados mediante a aplicação do Índice de Reajuste Tarifário sobre as tarifas homologadas na data de referência anterior.