RODRIGO SANTANA
Editoria de cidade
Estima-se que 80% dos servidores estaduais possuem empréstimo consignado em Roraima, sendo que 60% ultrapassaram o limite do endividamento. Essa foi a afirmação do diretor do Procon Estadual, Lindomar Coutinho, ao falar sobre os impactos que os serviços oferecidos por instituições financeiras têm causado na economia local.
“Recebemos várias reclamações, nas últimas semanas, em relação aos empréstimos consignados dos servidores estaduais. Constatamos que boa parte está enfrentando sérios problemas financeiros devido à quantidade de empréstimos feitos em financeiras”, informou.
Coutinho disse que o endividamento de servidores, por meio de empréstimo consignado, também tem provocado impacto na economia do estado por conta da falta de dinheiro que deixa de circular, acarretando também problemas para o setor comercial.
“Vamos supor que o governo injete na economia R$ 30 milhões de reais com o pagamento dos servidores. Parte desse recurso, em torno de R$ 15 milhões, sai do estado para o pagamento dos juros dos empréstimos consignados. Com isso, há uma queda do consumo no comércio e o estado deixa de arrecadar”, explicou.
Para ajudar os servidores e garantir que a economia do estado seja menos afetada com a falta de circulação de dinheiro, o diretor do Procon disse que o órgão entrou em contato com o Ministério Público Estadual (MPE) para juntos trabalharem na sensibilização dos servidores, para evitar empréstimos.
“Vamos formalizar um termo de cooperação técnica com o MP para que o órgão possa nos ajudar, por meio do Programa Cuidando do Servidor, realizando palestras sobre economia financeira nas secretarias do estado. Estamos elaborando um cronograma das atividades”, explicou.
Atraso de salários em anos anteriores contribuiu para empréstimos
Economista faz um alerta para servidores evitarem novos empréstimos (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
O economista, Fábio Martinez, confirma os empréstimos consignados contribuíram significativamente para o endividamento dos servidores públicos estaduais, que sofreram com atrasos na folha de pagamento em anos anteriores.
“Em muitos casos, a administração estadual passada deixou de fazer o repasse das parcelas dos empréstimos consignados descontados no contracheque dos servidores para as agências bancárias. Muitos servidores acabaram ficando com seus nomes sujos”, lembrou.
Martinez afirmou que ainda vivemos um período crítico em nossa economia, onde muitas famílias diminuíram seu poder aquisitivo de compra por conta de dívidas. Consequentemente, o setor comercial tem enfrentado uma queda em seu faturamento.
“Nesse momento, a recomendação maior é que os servidores não façam novos empréstimos consignados para pagar dívidas ou para gastos desnecessários. Agindo assim, a pessoa deixa de antecipar o consumo, comprometendo a renda no futuro”, alertou.