Órgãos do governo federal concluíram a operação de retirada de “centenas” de garimpeiros que estavam na terra dos ianomâmi em Roraima. A informação foi divulgada na noite desta sexta-feira pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Além da Funai, a operação contou com Exército, Polícia Federal (PF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Grupo de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério da Economia e Polícia Civil de Roraima.
A operação durou 12 dias e esteve em 30 áreas de garimpo ilegal nos leitos do Mucajaí e do Couto Magalhães. As “centenas” de garimpeiros foram retiradas dos locais até mesmo por ar, em um helicóptero usado na ação. Este tipo de transporte praticamente não é feito quando há ações do tipo. Até agora, o que o Exército vinha fazendo é tentar asfixiar o acesso de mantimentos a áreas de garimpo, como forma de obrigar um retorno dos garimpeiros. Além do helicóptero, foram utilizadas oito embarcações e nove viaturas.
Parte das pessoas retiradas da terra indígena foi levada para prestar depoimento à PF em Boa Vista. Algumas foram presas em flagrante.
A operação, chamada Walopali/Curare, envolveu 75 servidores dos órgãos federais e resultou na destruição de “dezenas” de “tatuzões”, que são os equipamentos usados para lavar a terra atrás do ouro. Um helicóptero foi apreendido e duas pistas de pouso clandestinas, destruídas. A apreensão e inutilização de maquinários ocorreu conforme a legislação vigente, para evitar o uso e aproveitamento indevidos.
Entre 10 mil e 15 mil garimpeiros passaram a explorar o ouro da terra ianomâmi, segundo estimativas de representantes dessas pessoas e dos indígenas. A Funai fala num número entre 7 mil e 10 mil. O presidente Jair Bolsonaro defende a legalização da atividade dos garimpeiros em terras indígenas.
A TI Ianomâmi é a maior terra indígena do Brasil, com área de cerca de 9,6 milhões de hectares, onde habitam cerca de 26 mil indígenas dos Povos Ianomâmi e Ye’kuana. O território também contém a referência confirmada de um povo indígena isolado, além de seis outras referências em estudo.
BASE – A Funai informou ainda que está reativando uma base de proteção no Rio Mucajaí, “em consonância com a operação”. A base se chama Walopali. Na língua ianomâmi, significa “espírito da onça-pintada”.
“Conforme a Ação Civil Pública n.º 1000551-12.2017.4.01.4200, três Bases de Proteção Etnoambiental da Funai, estruturas que visam garantir a proteção dos povos indígenas isolados e de recente contato, devem ser reativadas na Terra Indígena Ianomâmi. Para tal, a Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) tem promovido articulação interinstitucional para deflagrar operações de combate ao garimpo, o que se faz necessário à implantação das bases”.