Cotidiano

Enfermagem concorda com nova negociação

Profissionais de enfermagem do Estado decidiram que vão esperar até 04 de novembro para decidir se entram em greve ou não

Os servidores estaduais que atuam na área de enfermagem nas unidades de saúde decidiram esperar até o dia 04 de novembro para que o Governo do Estado atenda às reivindicações da categoria. Na tarde de ontem, após reunião com secretários e cúpula do governo, os profissionais aceitaram a proposta da administração estadual.

A classe alega que o governo teve cinco meses para atender às reivindicações que foram feitas desde o último movimento grevista, em maio deste ano, principal motivo pelo qual os profissionais optaram por paralisar as atividades naquela ocasião. Segundo o governo, melhores condições de trabalho serão oferecidas.

Participaram da reunião lideranças sindicais, além de representantes da classe médica, farmacêutica, radiologia, técnicos de enfermagem e enfermeiros, fisioterapia e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Do Governo do Estado, participaram representantes das secretarias de Saúde (Sesau), Planejamento (Seplan), Administração (Segad) e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE).

Os servidores informaram que desde o primeiro semestre deste ano buscam solucionar as demandas que foram encaminhadas à administração estadual na área de saúde. “Nós buscamos uma negociação com o governo. O processo de greve vem se arrastando por cinco meses, desde os dias 18 e 19 de maio, quando entramos num acordo para o cumprimento de algumas pautas, entre elas a convocação de concursados, prorrogação de concurso, pagamento das progressões, enquadramento funcional e concessão do auxílio alimentação”, relatou o técnico em enfermagem Genival Ferreira, também representante do sindicato e movimento de enfermagem.

Ele disse que buscaram um novo acordo na tarde de ontem. Após as deliberações, obtiveram êxito na tentativa de negociar os pontos designados em pauta. “Como até agora não havia o cumprimento dos pedidos que fizemos, nós nos reunimos em assembleia no dia 21 de setembro e definimos que retomaríamos a greve, no entanto, dependíamos da reunião composta por cinco representantes de sindicatos de serviço de saúde e gestão estadual”, explicou.

Com o novo acordo, os enfermeiros e técnicos em enfermagem anunciaram que irão aguardar a data estabelecida na reunião de ontem, 04 de novembro, para que a proposta governamental seja executada. De acordo com os profissionais de saúde, o governo precisa atender a, pelo menos, três reivindicações: pagamento das progressões, enquadramento funcional e concessão do auxílio alimentação.

“Nós estamos pedindo isso pelo princípio da isonomia, de que todos são iguais perante a lei. Hoje, servidores estaduais, como policiais militares e civis, bombeiros, funcionários da Assembleia Legislativa de Roraima e trabalhadores em Educação, foram contemplados com esses benefícios e nós estamos brigando por eles”, acrescentou o sindicalista.

Sindicato diz que data da greve apenas foi adiada

O Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindiprer) afirmou que se as demandas não forem atendidas pelo governo até a data prevista, por meio de criação de leis e projetos que contemplem a classe, haverá deflagração da greve.

“Queremos salientar que a greve não foi suspensa. Nós somente a adiamos do dia 07 de outubro para 04 de novembro, caso haja quebra de acordo por parte do governo. A gente alerta que o acordo realizado na mesa de negociação do SUS [Sistema Único de Saúde] é repassado à mesa nacional de negociação e pode ser replicado ao Ministério da Saúde, que trata de toda a legalidade de um protocolo de acordo coletivo”, frisou o presidente do sindicato, Roberto Morais.

Governo afirma que irá apresentar impacto financeiro em novembro

Por meio de nota, o Governo do Estado afirmou que, diante do compromisso de oferecer melhores condições de trabalho a todos os servidores públicos, a Sesau promoveu, na mesa de negociação do SUS, uma ampla discussão e avaliação sobre as reivindicações dos profissionais de enfermagem para evitar a paralisação das atividades destes profissionais.

Com o acordo, ficou decidido que na próxima reunião, marcada para o dia 03 de novembro, a Sesau irá apresentar o impacto financeiro e os encaminhamentos em relação ao auxílio-alimentação e aos trâmites legais a serem seguidos no que se refere à anistia de faltas, requerida pelos servidores.

Segundo o governo, após três horas de negociação, a categoria aceitou a proposta da Sesau e decidiu suspender o indicativo de greve, quando haverá uma nova mesa de negociação sobre os pontos pleiteados pelos servidores.

Conforme a coordenadora de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, Ana Lúcia Figueiredo, a suspensão foi uma decisão acertada. “O mais importante é que prevaleceu o bom senso. A gestão esteve disposta, o tempo todo, a ouvir os servidores, representados por seus líderes. Eles tiveram a oportunidade de falar, apresentar seus anseios, expor suas reivindicações, pois o papel da gestão é, em primeiro lugar, identificar as necessidades para buscar as alternativas”, frisou.

Entre os assuntos em pauta, estiveram a solicitação da instituição do auxílio-alimentação e a anistia das faltas para os servidores que não tiveram progressão por apresentarem mais de cinco faltas sem justificativa no ano e os que tiveram avaliação com nota inferior, sem direito à progressão.

“Esse período de 27 dias será fundamental para que a questão possa ser analisada com cautela, especialmente com foco no impacto financeiro que essa mudança pode trazer. É o período mínimo para uma apreciação rigorosa e responsável sobre a questão, envolvendo nessa análise a PGE, a Seplan e Casa Civil”, disse o procurador do Estado, Eduardo Daniel Lazarte. (J.B)