ANA GABRIELA GOMES
Editoria de Cidade
O Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (SINDPRER) confirmou greve por tempo indeterminado a partir do dia 26 de novembro para expor, mais uma vez, a situação da categoria e cobrar melhorias. Entre as reivindicações estão o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), revisão geral anual, pagamento de progressões funcionais e retroativos.
A última greve dos profissionais da enfermagem aconteceu em 2016. À época, além do pagamento de retroativo das progressões e melhorias nas condições de trabalho, a categoria também reivindicou por auxílio alimentação, chamada de novos concursados, Gratificação de Assistência Específica (GAE) e enquadramento de servidores. O movimento durou mais de 10 dias.
Na avaliação do presidente do Sindprer, Melquizedek Menezes, a greve acontece para mostrar outro lado do cenário da saúde à população e órgãos competentes. “A categoria luta por valorização e respeito. Estamos falando de condições dignas de trabalho, medicamentos, materiais básicos para atendimento e políticas públicas voltadas para a saúde do trabalhador”, explicou enquanto citava as exigências.
Em relação às condições de trabalho, ele afirmou que a saúde vive à base de doações. “É praticamente impossível você realizar uma cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sem precisar pensar em rifas para conseguir o material necessário”, destacou ao dizer que o grande trauma do Hospital Geral de Roraima (HGR), por exemplo, não tem todos os insumos necessários para receber um acidentado.
Outro ponto destacado pela categoria diz respeito à saúde dos profissionais. Na greve de 2016, a categoria já informava que não só a população como também os trabalhadores estavam doentes. “Agora, em 2019, eles não estão mais doentes, estão morrendo”, pontuou. Conforme Menezes, mais de 20 trabalhadores já vieram a óbito de 2015 até o momento.
Há cerca de dois anos o Sindprer realizou um simpósio para tratar da saúde mental dos profissionais devido o índice de depressão, ansiedade e transtorno de sono registrados entre os servidores. Para o presidente, a criação de políticas públicas voltadas à saúde dos servidores é um requisito essencial para melhor atendimento nos hospitais.
“O trabalhador da saúde também adoece e, quando procura, não tem assistência ou plano de saúde. Mais de 95% da população roraimense depende exclusivamente do SUS e por isso lutamos por uma política de qualidade. O trabalhador é desvalorizado”, concluiu.
Sesau diz que ajustes estão sendo providenciados
Os profissionais de enfermagem chegaram a realizar uma paralisação no último 23 de outubro pedindo melhorias no salário e no trabalho. Na ocasião, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) emitiu nota informando que os pontos apresentados pela categoria para justificar o ato se tratavam de competência orçamentária, “fato que vem sendo tratado de forma responsável pelo governador Antonio Denarium”, dizia a nota.
A respeito da greve do dia 26, a Sesau informou que, ao contrário do que tem sido afirmado pela diretoria do Sindprer, houve uma tentativa de conversa para debater as reivindicações da categoria. De acordo com a nota enviada, a reunião que iniciaria um entendimento sobre as necessidades dos profissionais de enfermagem, marcada para o dia 18 de outubro, acabou sendo suspensa em razão de um problema ocasionado por um dos membros que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
Além disso, esclareceu que os ajustes necessários para melhorar as condições de trabalho da categoria estão sendo providenciados e implantados conforme a disponibilidade orçamentária do Estado. “Por meio de um planejamento minucioso, que inclui revisão de contratos e auditorias públicas, está sendo possível colocar a casa em ordem, uma ação concentrada que não traz respostas em curto prazo”, informou.
Por fim, a nota afirma que “a Secretaria sempre se coloca aberta para ouvir as reivindicações de todas as categorias que atuam na saúde do Estado”.