Servidores da enfermagem da rede estadual voltaram ontem ao trabalho. A greve, que durou 12 dias, foi suspensa esta semana por determinação da Justiça. Mas o presidente do Sindicato, Melquizedec Menezes, avisou que a categoria poderá voltar à greve já na próxima semana.
O sindicalista deixou bem claro que o movimento grevista parou porque o Sindicato acatou a decisão judicial, que foi em caráter emergencial. Mas Melquizedec adiantou que a assessoria jurídica da entidade já recorreu e uma nova decisão, segundo ele, pode sair até o final da próxima semana.
“A greve é um direito que temos e até o momento ela não trouxe prejuízo algum para os pacientes. O atendimento continuou porque trabalhamos com mais de 30% dos profissionais da enfermagem. A reclamação nos hospitais é a mesma. Não tem medicamentos, nem materiais”, denunciou.
O sindicalista deu como exemplo a Policlínica Cosme e Silva, no bairro Pintolândia, zona Oeste da Capital. “Ontem (anteontem, dia 14) não havia jelco e escalpe, materiais intravenosos. A reclamação foi generalizada. Como podemos trabalhar deste jeito? Não tem condições de oferecer um bom atendimento à população”, reclamou.
Além da falta de condições de trabalho, segundo Melquizedec, a categoria também reivindica a convocação de concursados, a criação de um calendário de pagamento salarial e das progressões. “Vejam vocês. Os servidores de 2003 e 2007 ainda não receberam progressão”, observou.
O sindicalista criticou a postura do Governo do Estado de “não negociar nenhuma reivindicação e de agir de forma arbitrária”. Por isso, ainda segundo o sindicalista, a categoria pode voltar à greve na próxima semana, a depender da decisão da Justiça ser favorável.
A enfermagem na rede estadual conta com 2.145 profissionais. Na avaliação de Melquizedec, mesmo sem nenhuma reivindicação atendida, a categoria está de parabéns porque está unida e conseguiu mostrar a triste realidade, segundo ele, da saúde pública do Estado. (AJ)
Sesau está aberta ao diálogo, diz secretário
Em nota, o Governo do Estado informou que na tarde de ontem, o HGR (Hospital Geral de Roraima) já havia retomado as cirurgias eletivas, priorizando os pacientes internados. Na próxima segunda-feira, 19, a direção da unidade fará um levantamento da demanda reprimida para que, na terça-feira, 20, sejam retomados os procedimentos eletivos de pacientes externos.
Além das cirurgias eletivas, também ficaram paralisados os serviços de curativos, cirurgias oncológicas e a administração de medicamentos, pois estes procedimentos dependem da equipe de enfermagem. Além disso, informa a nota, os dias de paralisação causaram um aumento expressivo na superlotação no HGR, maior afetado pelo movimento.
O secretário estadual de Saúde, César Penna, disse que a retomada destes serviços irá beneficiar o cidadão que depende do serviço público de saúde para realização de consultas, exames, cirurgias, entre outros tipos de atendimento. Penna deixou claro que independentemente do movimento grevista ser suspenso ou não, a Sesau continua à disposição do Sindprer e de qualquer outro sindicato para discutir as reivindicações da categoria.
“A Sesau se mantém aberta ao diálogo, como sempre tem ocorrido. Todos os sindicatos são atendidos prontamente aqui na Secretaria, pois entendemos que assim como nós, são profissionais que buscam a melhoria na saúde do Estado”, frisou.
Antes mesmo de qualquer indicativo de paralisação, a Sesau, segundo o secretário, já mantinha diálogo aberto com os sindicatos e desde março, realizou 12 reuniões de negociações com a classe. A Sesau dispõe de um fórum de negociações permanente, para discutir e negociar mensalmente todas as demandas dos sindicatos representativos das classes que atuam na saúde.