Nessa terça-feira (30), diversos veículos de comunicação noticiaram que o Brasil caiu 10 posições no ranking de percepção de corrupção em 2023. Mas você entende como funciona o índice internacional que avalia, pontua e cria o ranking com 180 países? A FolhaBV te explica.
O Índice de Percepção de Corrupção (IPC) é produzido pela Transparência Internacional, uma organização sem fins lucrativos, desde 1995. Atualmente, é o principal indicador de corrupção do mundo avaliando países e territórios com a atribuição de notas em uma escala entre 0 e 100. Quanto maior a nota, maior é a percepção de integridade do país e quanto menor a nota, maior a percepção de corrupção.
Cálculo da pontuação dos países
A pontuação de cada país é uma combinação de, pelo menos, três fontes de dados extraídas de 13 pesquisas e avaliações diferentes sobre corrupção. Estas fontes de dados são recolhidas por diversas instituições conceituadas, incluindo o Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial.
Ainda, segundo a organização, as fontes de dados utilizadas abrangem manifestações de corrupção no setor público, como suborno, desvio de fundos público, funcionários que usam seus cargos públicos para ganhos privados sem enfrentar consequências e nepotismo. Ainda:
- Capacidade dos governos para conter a corrupção;
- Burocracia excessiva, que pode aumentar as oportunidades de atividades ilícitas;
- Leis que garantem que os funcionários públicos devem divulgar as suas finanças e potenciais conflitos de interesse;
- Proteção legal para pessoas que denunciam casos de suborno e corrupção;
- Captura do Estado por interesses estreitos;
- E, acesso a informações sobre assuntos públicos/atividades governamentais.
O Brasil em pontos de integridade
No relatório sobre o ano passado, o Brasil atingiu 36 pontos e alcançou a 104ª posição do ranking. Comparado à 2022, o país perdeu dois pontos e caiu 10 posições. Ou seja, representou um Estado fácil à corrupção e que está abaixo das médias global (43 pontos), regional para as Américas (43 pontos) e dos Brics (40 pontos).
Apesar de ter caindo em ranking, a Transparência Internacional explica que “a classificação não é, portanto, tão importante como a pontuação em termos de indicar o nível de corrupção” de cada país. Sendo assim, o Brasil pode até registrar aumento em posição em anos passados ou futuramente, mas se a pontuação decresce, nesse caso desde 2015, ainda indicará alto nível de corrupção.
Além disso, a Transparência ainda indica que pequenas alterações na pontuação do IPC de um país geralmente não são significativas. “Quando apenas algumas fontes de dados registam uma alteração, isso significa que ainda não é claro se a corrupção no setor público aumentou ou diminuiu naquele país”, completa.
“A corrupção geralmente envolve atividades ilegais e deliberadamente ocultas, que só vêm à luz através de escândalos ou processos judiciais. Isso torna muito difícil medir. As fontes e pesquisas que compõem o IPC baseiam-se em questionários cuidadosamente elaborados e calibrados, respondidos por especialistas e empresários”,
afirma a Transparência Internacional.