A insatisfação com o cancelamento de corridas tem aumentado entre os usuários de aplicativos de transporte. Muitos relatam que chamar um carro se tornou uma tarefa estressante, e que precisa ser feita com bastante antecedência, sob risco de atrasos por causa da demora em conseguir um carro.
Usuários relatam esperas de quase uma hora e dezenas de cancelamentos até conseguirem embarcar.
Ao longo desta semana, a FolhaBV conversou com dezenas de motoristas de aplicativos, que informaram o que tem gerado este problema para os usuários. O principal deles é porque os motoristas da plataforma estão selecionando as corridas mais lucrativas por conta do alto preço dos combustíveis.
A Petrobrás subiu os preços da gasolina e do óleo diesel, que ficaram 6% e 3,7% mais caros, respectivamente, nas refinarias. O reajuste aconteceu após meses consecutivos de alta do preço do petróleo. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em Roraima, o preço médio é de R$ 5,6.
“Pra conseguir ficar no lucro no fim do mês, a gente precisa evitar as ‘curtinhas’, essas ‘pescocinhos’. É uma questão de sobrevivência”, disse um dos motoristas, se referindo às corridas curtas, e que geram um lucro menor para os motoristas. Como esta informação só aparece depois de aceitar a corrida, muitos cancelam logo em seguida.
Além do preço do combustível, ele afirma que o valor das tarifas pagas pelos consumidores e repassadas aos motoristas é “irrisório”. “A Uber paga muito pouco pra gente em corridas curtas. Tem corrida que a gente fica com quase R$ 2. O combustível já aumentou várias vezes e o valor da tarifa não”, pontuou.
Esta estratégia adotada pelos motoristas não contraria as diretrizes das empresas. Na Uber, por exemplo, os motoristas, chamados por eles de parceiros, são livres para decidir em quais dias e horários dirigir, quem dirige em dias e horários de maior movimento tem uma maior chance de ganhar mais.
Sobre as tarifas repassadas aos motoristas, o Uber disse que opera em um sistema de intermediação de viagens dinâmico e flexível e que, por isso, busca considerar, de um lado, as necessidades dos parceiros e, de outro, a realidade dos consumidores, “tendo em vista o equilíbrio entre oferta e demanda”.