Cotidiano

Escola estadual oficializada em terra indígena é uma palhoça

Este ano, Governo Federal liberou R$ 20 milhões para a educação do povo Yanomami, mas a escola sequer tem paredes

O Governo do Estado recebeu este ano mais de R$20 milhões para investir apenas na educação do povo Yanomami, mas o coordenador-geral da Frente de Proteção Yanomami e Ye’kuana, da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Catalano, questiona para onde foi este recurso federal.
Segundo ele, a educação oferecida pelo Governo do Estado aos povos indígenas vai de mal a pior. Na comunidade Erikó, por exemplo, na Terra indígena Yanomami, no Município do Amajari, a mais de 250 quilômetros da Capital pela BR-174, Noroeste do Estado, as crianças estudam debaixo de uma palhoça.
O detalhe é que a palhoça já foi oficializada por decreto publicado em Diário Oficial e agora é a Escola Estadual indígena Komini. Não há sequer banheiro para os alunos, nem água potável. “São mais de 200 índios naquela comunidade. E a escola estadual é isso aí, o que vemos. Cadê o dinheiro que veio para a educação do povo Yanomami?”, questiona Catalano ao mostrar a foto.
O quadro negro é pregado em uma pernamanca e o chão da sala de aula é de barro batido. O telhado da escola é coberto com palha e uma lona azul que normalmente é usada em acampamentos de garimpeiros. Os alunos assistem aula debaixo de chuva. Quando precisam fazer suas necessidades fisiológicas, eles correm para o meio do mato.
SEM RETORNO – A Folha tentou contato telefônico, ontem à tarde, com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado do Índio (SEI), mas ninguém atendeu. A Folha também mandou e-mail à Ascom da Secretaria de Estado de Educação e Desportos (Seed), mas não houve retorno até o fechamento da matéria, às 18h30. (AJ)