Cotidiano

Escola suspende aulas após líderes de facção serem transferidos para o CPC

Criminosos foram transferidos para quartel da PM que fica em frente à unidade de ensino, no Centro de Boa Vista

Líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foram transferidos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), na segunda-feira, 24, para a sede do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar, localizado no Centro. A medida causou insegurança nos pais de alunos da Escola Colmeia, que fica em frente ao quartel da PM, que decidiu suspender as aulas.

Conforme informações obtidas pela Folha, foram transferidos sete integrantes da organização criminosa responsável, em menos de uma semana, pela morte de 11 presos dentro da Pamc. Familiares dos presos fizeram vigília em frente ao CPC e chegaram a causar tumulto por conta da remoção na noite de anteontem. Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram acionados para conter a confusão.

Devido à sensação de insegurança, a Escola Colmeia decidiu suspender as aulas. “Ontem, quando chegamos à escola, vimos um grupo de mulheres na calçada e conseguimos saber que trouxeram os presos da Penitenciária para o CPC provisoriamente. Mas não fomos, sequer, informados dessa situação por parte do governo”, informou a diretora da unidade de ensino, Susamara Valle.

Segundo ela, no dia seguinte à transferência, a quantidade de familiares de presos em frente ao colégio aumentou. “Tomamos conhecimento que esses familiares criaram problema, e o Bope teve que ser acionado para retirá-los dali. Só soubemos na manhã de ontem que os presos eram líderes do PCC”, afirmou.

Ao tomar conhecimento da transferência de presos considerados de alta periculosidade, a diretora informou que procurou o Ministério Público de Roraima (MPRR). “Fui ao órgão para proceder com nossos direitos. Os pais das crianças já não os estavam mais levando para a escola. Um deles entrou em contato com o Comando da Polícia Militar e foi informado que os presos sairiam dali até quinta-feira”, frisou.

A unidade de ensino, no entanto, decidiu não oferecer riscos aos estudantes e suspendeu as atividades. “Os pais estavam muito preocupados. O que nos chateou é que não fomos informados dessa transferência. A nossa preocupação não são eles lá dentro, mas sim os nossos alunos. Suspendemos as aulas para resguardar a segurança dos alunos”, frisou.

GOVERNO – A Folha solicitou posicionamento do Governo do Estado para saber o motivo da transferência dos presos para uma área central da Capital e até quando eles ficariam ali, mas, até o fechamento desta matéria, às 18h30 de ontem, não obteve retorno. (L.G.C)