Cotidiano

Escolas estão sem merenda e sem limpeza

Governo não concluiu licitação para contratar empresa que fornecerá merenda e, enquanto isso, pais são chamados a enviar alimento

As escolas da rede pública de ensino estadual continuam sem merenda escolar desde o início das aulas, no dia 23 de fevereiro, já que a empresa responsável pelo preparado do alimento não foi contratada ainda. A situação ocorre em todo o Estado. Algumas também não possuem serviço de limpeza e o trabalho é feito por professores e secretários, como foi constatado pela Folha em algumas unidades da Capital.
Algumas escolas liberam os alunos mais cedo para que as crianças não fiquem na escola com fome. Conforme os professores, muitas crianças de famílias de baixa renda têm na merenda escolar sua principal alimentação do dia. Quem tem condições, está levando alimento para comer na hora do recreio. Pais de alunos estão sendo chamados a enviar a merenda dos seus filhos.
Na Escola Estadual Coema Souto Maior, no bairro Tancredo Neves, zona Oeste, o secretário da unidade escolar disse que a situação da falta de merenda foi explicada aos pais dos alunos. “A comida atualmente se baseia em suco e bolacha. Pedimos ajuda aos pais”, afirmou. Situação semelhante ocorre na Escola América Sarmento Ribeiro, no bairro Sílvio Botelho, zona Oeste. O gestor do colégio, Odimar Ferreira, explicou que a merenda escolar está sendo comprada com o dinheiro do fundo de pais e mestres. “O serviço básico de limpeza está sendo feito entre os funcionários. Estamos nos esforçando para garantir o funcionamento do colégio para não prejudicar o alunado”, disse. Por falta de professores, alunos de algumas séries estão sendo liberadas mais cedo.
Na Escola Carlo Casadio, na avenida Centenário, no bairro Cinturão Verde, zona Oeste, o gestor da unidade, Dorisley Pinheiro, afirmou que todas as escolas estão sem merenda escolar e que os gestores estão dando um jeito. “Sabemos que é desumano para os alunos e funcionários terem de esperar tanto tempo sem a merenda, mas explicamos aos pais, em reunião incentivada pela secretária, pedindo um apoio temporário”, disse.
Segundo Pinheiro, as escolas têm de cumprir horário e os alunos são liberados no horário normal, às 11h45. “Já sabemos que a situação está sendo resolvida”, complementou.
A gestora Elenice Lima, da Escola Carlos Drummond de Andrade, no bairro Pricumã, também na zona Oeste, afirmou que os pais dos alunos estão enviando a merenda dos filhos quando podem. “As merendas estão sendo organizadas em turmas. Os que podem, estão colaborando até a normalização da situação”, explicou. Sobre a limpeza, existe uma empresa responsável pela manutenção da unidade, a Lidan Serviços. “Sabemos que não são todas as escolas que possuem o serviço”, frisou.
Em todas as escolas averiguadas pela Folha, alguns funcionários comentaram que foi explicado anteriormente que a situação da merenda já estava sendo adequada e que o problema deveria estar solucionado entre 10 e 15 dias.
GOVERNO – Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado informou que o processo de contratação de empresas para fornecimento de gêneros alimentícios da alimentação escolar está em fase final de tramitação e segue os prazos estabelecidos na Lei 8.666/93. No momento, as empresas apresentaram amostras dos gêneros, que estão sob análise do nutricionista da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed).
Sobre a limpeza, a Seed tem contratos em vigor e a nova gestão está fazendo ajustes para atender a todas as unidades escolares. Informou ainda que as empresas foram notificadas sobre os serviços paralisados e que a Seed aguarda a disponibilização dos funcionários para execução do serviço.