Cotidiano

‘Escrevendo um novo tempo’, diz 1ª coordenadora indígena da Funai em RR

Marizete de Souza, do povo Macuxi, assumiu o cargo em 1º de março deste ano. Dia dos Povos Indígenas é comemorado nesta quarta-feira (19).

“Nós povos indígenas estamos escrevendo um novo capítulo na nossa história com pena, jenipapo e urucum, que nos dá uma representatividade forte nessas ocupações de espaços”. A frase é Marizete de Souza, do povo Macuxi, primeira mulher indígena à frente da Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), órgão que também, pela primeira vez, é presidido por outra mulher indígena, Joênia Wapichana, ex-deputada federal por Roraima.

Esta quarta-feira (19), Dia dos Povos Indígenas, tem como marca principal a forte presença dos povos originários na ocupação de cargos de gestão de órgãos ou setores voltados aos indígenas. Além disso, a pauta indígena, como exemplo da crise Yanomami, tem ganhado destaque nos debates e ações do governo.

Roraima é o estado com a maior população indígena do país, dos 631 mil habitantes, mais de 50 mil se declaram indígenas, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Roraima e Amazonas são os estados com mais habitantes indígenas do país.

O maior percentual de indígena residem no município do Uiramutã, onde está localizado a terra indígena Raposa Serra do Sol com 88,1% da população indígena do estado.

No estado, são 32 terras indígenas, sendo elas Ananás, Anaro, Aningal, Anta, Araçá, Barata, Livramento, Bom Jesus, Boqueirão, Cajueiro, Canauanim, Jabuti, Jacamim, Malacacheta, Mangueira, Manoa / Pium, Moskow, Muriru, Ouro, Pium, Ponta da Serra, Raimundão, Raposa Serra do Sol, Santa Inez, São Marcos, Serra da Moça, Sucuba, Tabalascada, Trombetas / Mapuera, Truaru, Waimiri-Atroari, Waiwái e Yanomami.

 Marizete assumiu a coordenação da Funai em Roraima no dia 1º de março deste ano. Para ela, o momento mostra a capacidade de administração dos indígenas “da forma que entendem melhor”. Afinal, eles “conhecem a realidade de seus povos”.

“É um novo tempo que estamos vivendo, de ocupar o órgão público que deveria já ter sido há muito tempo ocupado por indígenas. Hoje, temos vários indígenas formados. Então, nós estamos aí, a capacidade também de poder estar sempre ocupando, dizendo que nós somos capazes de poder fazer gestão dentro de órgãos públicos. Hoje, é importante a gente mostrar essa nossa união, a nossa capacidade, mostrar a nossa resistência e resiliência”, destacou.