De acordo com dados de levantamento feito pela Ibope Inteligência, 55% das pessoas das classes A, B e C, com acesso à internet, tiveram a renda afetada pela pandemia. Dessas, 66% diz ter sentido queda superior a 25% no orçamento. A pesquisa mostra ainda que 51% dos entrevistados afirmam ter diminuído gastos e 22% começaram a atrasar o pagamento de dívidas.
A cada mudança de ciclo, surgem novos planos e com eles a esperança de novos hábitos e conquistas nas mais diversas áreas. Mas se existe uma área que pode ajudar na conquista dos demais setores, a questão financeira é uma delas. Ainda mais depois de todos os percalços que o ano de 2020 trouxe para muita gente.
E se o momento é de reflexão sobre mudar e organizar as finanças, o professor de Ciências Contábeis da Estácio da Amazônia, Eduardo Merlin, dá algumas dicas sobre como começar esse processo.
Segundo ele, a primeira providência a ser tomada é conhecer de fato qual “o tamanho da desordem das dívidas e sua capacidade de gerar receita”. “A geração de renda, além do salário, pode ser também oriunda de aluguéis, pensões e outros extras que ajudam na renda da família”, explica. Ele explica que o levantamento precisa identificar a origem da dívida, quem é o credor e qual o valor atual. “Conheça o tamanho da dívida para que possa planejar o valor e o tempo adequado para solucioná-la”, completa.
“Importante saber a origem da dívida para poder negociar a taxa de juros imposta, podendo conseguir abatimentos. Portanto, conhecendo os valores é possível buscar uma negociação, se possível negociar pagamento à vista por oferecer maiores descontos”, destaca.
Segundo o professor, o foco na mudança de hábitos requer “lembrar todos os dias que está em processo de reestruturação financeira” e, com isso, “acabar com os gastos desnecessários até retomar o controle da situação”. “Muito importante envolver uma conversa em família para planejar a redução nos gastos. A energia elétrica, por exemplo, é uma despesa que pode sempre ser reduzida por meio da cooperação dos familiares. A conta pode diminuir com mudanças de pequenos hábitos como apagar lâmpadas desnecessárias, dormindo mais pessoas no mesmo quarto e aproveitar mais as áreas de lazer externas da casa, dormindo mais tarde e acordando mais cedo a fim de manter um ou mais refrigerador de ar, desligado; bem como diminuir o uso de chuveiro elétrico”, aconselha.
Outra despesa que pode ser reduzida é a conta de água. Uma das medidas que pode ser adotada pela família é verificar se existem vazamentos em torneiras. O professor continua com as dicas: “Tomar banho e ensaboar o corpo com o chuveiro desligado; adiar ou juntar eventos de comemorações de aniversários dentre outros. Cada família tem uma especificidade de gastos e os membros podem cooperar individualmente nessa diminuição de gastos”, afirma.
Uma medida, que pode ser drástica, mas que pode ser a única saída é avaliar se possui algum bem que possa ser vendido para quitar dívidas altas. “É importante verificar se o que será colocado à venda não vai afetar a vida da família, e que sirva para ajustar de uma vez as finanças. Dessa forma, passam a ter condições de recuperar o bem futuramente”, explica.
Agora se conseguiu se organizar financeiramente, o professor orienta a fazer investimentos. Segundo ele, investir em fundos de curto prazo para que mantenha sua liquidez em caso de necessidade é uma boa opção.
“Devemos lembrar que a pandemia ainda não foi superada e podemos ter algumas surpresas nesse processo. Além disso, considero importante se preparar para o período pós pandemia, quando surgirão muitas oportunidades no mercado de trabalho, principalmente, na área financeira, como é o caso das empresas que terão a necessidade de contratar contadores para analisar o impacto e criar estratégias de mercado”, observa.