Cotidiano

Esposa acusa cirurgião de erro médico após morte de comerciante

Foram gastos quase R$ 27 mil na cirurgia para retirada de pedra na vesícula

A esposa do comerciante João Paulo Rodrigues, de 46 anos, entrou em contato com a FolhaBV para denunciar que o marido morreu após um erro médico. O falecimento ocorreu no dia 18 de janeiro.

De acordo com ela, que preferiu não se identificar, o marido foi dirigindo até a unidade hospitalar no dia da cirurgia, que ocorreu em 15 de janeiro deste ano.
A reportagem conversou com a viúva e com os advogados Eduardo Cunha e Ivan Hugo, que estão representando a família.

Conforme relato da mulher, tudo começou após o marido ter conhecido o trabalho do Cirurgião do Aparelho Digestivo, Luis Fernando Junges Filho, através de uma propaganda em uma emissora de rádio local.

“Como foi uma propaganda que ele ouviu na rádio, confiou que seria um médico bom. Nós fomos até a clínica dele gostamos do atendimento e por isso, o João decidiu fazer a cirurgia com esse médico”, disse.

A cirurgia ocorreu em um hospital particular, no dia 15 de janeiro, e de acordo com a esposa, o procedimento durou cerca de 4h. Segundo ela, no dia 16, João recebeu alta hospitalar mesmo estando inchado.

Ela conta ainda que quando o marido chegou em casa, teve piora no quadro, e reclamava de fortes dores e estava com febre alta.

No dia seguinte, 17 de janeiro, João Paulo retornou à unidade hospitalar, realizou uma tomografia computadorizada, o que acusou uma perfuração no intestino. Por conta da gravidade, precisou ser transferidos ao Hospital Geral (HGR), onde passou por uma segunda cirurgia realizada pelo mesmo médico.

Após a cirurgia, o paciente ficou na área vermelha da unidade aguardando por uma internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), porém não resistiu e morreu no dia 18 de janeiro.

“Antes da cirurgia ele estava bem. Foi dirigindo para o hospital, foi lá só para morrer”, disse a viúva.

O valor pago pela vítima está avaliada em R$ 26.408, entre cirurgias, honorários médicos, internações, entre outras despesas.
Após a morte de João, a família registrou um Boletim de Ocorrência junto à Delegacia de Polícia, e está ingressando com uma ação judicial.

CAUSA DA MORTE

Foi solicitado pelos advogados da família, um exame necroscópico junto ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi concluído que a morte se deu por choque séptico por evolução desfavorável por perfuração visceral abdominal durante cirurgia por videolaparoscopia.


Laudo do IML (Foto: Divulgação) 

PÓS-OPERATÓRIO

Ainda de acordo com a esposa, foram realizadas uma série de erros por parte do médico. Segundo ela, quem liberou João para casa foi a equipe de enfermagem.

Além disso, Luis Fernando estaria de plantão em outra unidade hospitalar e por isso, não estava no momento da alta.

“Ele foi negligente com o meu marido. Tratou ele como se não fosse nada. Fez pouco caso no pós operatório. Nem na hora de dar a alta foi ele quem deu. Alguma coisa estava errada”, disse.


João após passar pela cirurgia (Foto: Arquivo Pessoal) 

FAMÍLIA

Além da esposa, João também deixou um filho, de 4 anos. “Ele tirou a vida de um pai de família. Estamos todos da família de luto. Está sendo muito difícil ter que lidar com toda essa situação e viver sem meu marido. Eu quero que justiça seja feita”, finalizou.


Esposa e o filho durante entrevista à Folha BV (Foto: Wenderson Cabral/Folha BV) 

OUTRO LADO
A reportagem entrou em contato com o cirurgião Luis Fernando Junges Filho, que preferiu não se pronunciar.