Cotidiano

Estiagem no Amazonas afeta mercado de peixe em Boa Vista

Que muitas localidades do País estão enfrentando problemas com a crise, isso todo muito já sabe. No entanto, alguns setores da economia tentam, ao seu modo, driblar os problemas, possibilitando, ao máximo, oferecer produtos com preços acessíveis ao consumidor. Na venda de pescado, as dificuldades estão indo além da falta de dinheiro. É o caso da forte estiagem que vem castigando toda a região Norte.

Por conta da seca nos rios, piscicultores estão tendo dificuldades para levar os produtos aos revendedores, consequentemente, desaquecendo o comércio. Em algumas feiras de Manaus (AM), por exemplo, o aumento no preço do pescado está acarretando ao comerciante manauara prejuízo em vendas próximos dos 50%. Com a falta do produto nos estabelecimentos daquele Estado, a situação acaba também se refletindo no comércio de outras capitais do Norte, entre elas o de Boa Vista.    

Trabalhando com a venda de peixe desde os 11 anos de idade, o comerciante José Roberto Nogueira, 44 anos, disse à Folha que nunca tinha visto uma situação como a de agora. Dono de um modesto comércio no bairro Asa Branca, zona Oeste, ele costuma comprar peixe do Amazonas para oferecer maiores opções para seus clientes. Entretanto, por conta da forte seca que o estado vizinho tem enfrentado, está cada vez mais difícil trazer variedades para a mesa do consumidor roraimense.

“Eu solicitei uma remessa de curimatã do Amazonas e já fui informado que por conta da estiagem eles estão tendo dificuldades para abastecer os mercados. Provavelmente, no próximo mês só teremos o peixe regional mesmo, porque o comércio amazonense já estaria retendo o produto para não ficar desabastecido”, comentou.

Além das dificuldades em trazer peixes de Manaus para Roraima, Nogueira comentou que o poder de compra do consumidor boa-vistense também anda em baixa esse ano. “A gente nota que, este ano, as pessoas estão reduzindo o consumo. Consumidores que antes compravam 5 kg de peixe, hoje só levam 3 kg. O preço do curimatã amazonense, por exemplo, era vendido a R$ 10,00 o quilo, e hoje eu estou vendendo por R$ 8,00. Se não diminui o preço, a gente não vai conseguir vender”, comentou.

A situação dos comércios próximos da área central também não difere muita realidade enfrentada pelos estabelecimentos situados em localidades periféricas. No bairro 31 de Março, zona Norte, as queixas também são as mesmas. Dona de uma peixaria há 07 anos, Anita Morais, 38 anos, afirmou que fechará o mês de outubro com o pior retrospecto em vendas 2015.

“Geralmente, os piores meses para se vender peixe aqui na Capital são em janeiro e fevereiro. Esse ano, o mês de outubro está batendo recorde negativo”, disse.

Apesar disso, ela está otimista e acredita em uma recuperação nas vendas com a aproximação das festas de final de ano. “Acho que mesmo com essa redução no poder aquisitivo das pessoas, as vendas vão se recuperar no final desse ano. Uma pena não termos como trazer peixe de fora, mas acho que o consumidor não deixará consumir”. (M.L)