O Rio Branco, o maior e mais volumoso de Roraima, registrou ontem, 28, o nível mais baixo de sua história. Ele mediu 15 centímetros abaixo de zero. A menor merca fora registrada na última estiagem do ano passado, mas ficou dois pontos acima do limite. Ontem pela manhã, membros da Defesa Civil se reuniram na sede do Comando do Corpo de Bombeiros, quando discutiram estratégias de combate à forte estiagem que assola a maioria dos municípios.
O secretário executivo da Defesa Civil, coronel Cleodimar Alves, lembrou que, no dia 18 passado, a marcação do rio zerou, ou seja, chegou a um nível crítico. A estiagem então aumentou e o volume caiu ainda mais, para uma marca nunca vista antes pelo roraimense: menos 15 centímetros abaixo de zero de sua marcação. “Este nível é inédito. Está muito seco. Mas a situação poderia ser pior caso não chovesse nos últimos dias”, lembrou.
Apesar do nível crítico do Rio Branco, o diretor presidente da Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caer), Danque Esbel, em entrevista ontem à tarde, à Folha, tranquilizou a população e garantiu que não há risco de desabastecimento e nem de racionamento na Capital. A captação de água permanece normal, sem dificuldade alguma no processo de coleta.
Municípios do interior são castigados e as previsões indicam mais estiagem
Os municípios mais atingidos pela estiagem são: Normandia, Cantá, Amajari, Caracaraí e Alto Alegre, na região do Taiano. A Defesa Civil orienta os prefeitos destes municípios a cavarem poços artesianos para amenizar o problema.
Para piorar, a previsão do tempo, segundo o coronel Cleodimar Alves, não é das melhores. Serão mais três meses de forte estiagem porque o El Niño, fenômeno que afeta a maior parte da região amazônica, está quatro graus acima do normal. A elevação da temperatura no Oceano provoca a seca e a falta de chuva.
“Infelizmente, as previsões apontam para novas estiagens, mais graves ainda do que esta que estamos atravessando. Por isso, estamos concluindo um levantamento dos danos causados pela seca para auxiliar no processo de decretação de situação de emergência”, adiantou o coronel.
Incêndios atingem mais as cidades do Sul do Estado
Os focos de incêndio ocorrem atualmente com mais frequência nos município do Sul do Estado. Somente em Caracaraí, região Centro-Sul, foram registrados 300 focos de calor em um único dia.
Apesar de contar com 80 homens, a Defesa Civil, em Roraima, ainda encontra dificuldades por falta de contingente. O coronel Cleodimar Alves disse que mantém equipe extra para reforçar a guarnição em Pacaraima, Caracaraí, Rorainópolis e Boa Vista.
Em Iracema e Mucajaí, segundo o coronel, a Defesa Civil tem uma base avançada e atua em parceria com brigadistas do Prevfogo, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama).
Para auxiliar o baixo efetivo no combate a focos de calor e incêndios, a Defesa Civil dispõe de 20 picapes e cinco viaturas, conhecidas popularmente como carros-pipa. Por dia são registrados de 300 a 500 focos de calor em Roraima. (AJ)