Cotidiano

Estudantes apóiam greve e cobram governo

Lideranças estudantis entregaram carta ao governo pedindo participação nas negociações sobre a greve e cobram fim de impasse

Um grupo de alunos das escolas públicas da Capital, em parceria com a Associação dos Estudantes de Roraima (Assoer), decidiu ontem protestar contra o impasse nas negociações da greve, entre o Governo do Estado e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter), que dura mais de 20 dias. Eles esperam sensibilizar o governo quanto às aulas perdidas no segundo semestre que acarretarão um déficit durante a prestação de vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Uma carta elaborada pelos estudantes foi levada ao protocolo do Palácio Senador Hélio Campos, na Praça do Centro Cívico, para conhecimento pela governadora Suely Campos (PP) das reivindicações. Um trecho da carta menciona apoio à luta dos trabalhadores em educação devido às constantes ameaças e ausências de diálogo com os grevistas, além de apresentar pedido a fim de compor a mesa para participar das negociações entre sindicato, entidades estudantis e governo.

O presidente da Assoer, Arlisson Nascimento, explicou que a decisão de cobrar respostas que ponham fim à greve partiu dos próprios alunos, temendo ter rendimento comprometido nos processos de avaliação que dão acesso ao nível superior. “Os alunos do 3º ano do ensino médio estão se preparando para vestibulares e concursos, mas até agora não teve aula. Nós queremos o diálogo entre as categorias. Não dá mais para ficar em casa perdendo tempo e motivação”, frisou,

De acordo com a associação, outro motivo pelo qual os estudantes foram às ruas está associado à necessidade de retomada das aulas e as lideranças destacam que irão unificar o movimento estudantil ao movimento de greve. “Com a não permanência dos professores em sala e vendo toda a situação do descaso na educação, decidimos pressionar o governo fazendo esse início de mobilização. É apenas o começo, mas a ideia é fortalecer. Hoje somos 30, amanhã seremos mais que isso”, disse o líder estudantil.

“Tomamos a decisão por causa dos alunos. É preciso que haja diálogo imediatamente entre professores e governo. Queremos aulas de qualidade, com valorização dos profissionais da educação e propomos uma união entre os movimentos sociais e institucionais para melhoria da educação”, complementou Nascimento.

Além da manifestação, o presidente da Assoer esclareceu que uma mobilização será feita por meio das redes sociais para que os estudantes da rede pública de ensino compareçam à Praça do Centro Cívico para pedir um acordo imediato. A presidente do Grêmio Estudantil da Escola Antônio Carlos Natalino, Camila Aragão, disse que o ato é um momento importante para a educação porque propicia que se discutam participações coletivas em relação ao que denominam “caos no ensino público”.

“Já faz quase um mês que estamos sendo prejudicados e, de início, não vimos a necessidade de apoiar os professores, mas percebemos que os problemas não estavam sendo resolvidos e estão se alongando, então vamos nos unir aos professores para lutar pelos direitos, porque quem não luta pelos seus direitos não é digno deles”, frisou a estudante.

HISTÓRICO – A Assoer foi fundada em 1963, com a nomenclatura Associação Juvenil Roraimense (AJR). Dentre os movimentos que marcaram a associação destaca-se o protesto “Diga Não”, quando mais de três mil alunos percorreram ruas e avenidas da cidade contra o superfaturamento das fardas escolares, em 2009. Outro momento foi quando pediram a cassação de um dos deputados que se direcionou aos alunos chamando-os de “macacos de auditório”.

As lideranças acreditam que a formação de um grupo de estudantes para participar das solicitações de celeridade para pôr fim à greve seja o maior ato político da entidade, uma vez que nunca viram na história de Roraima indígenas agregados a professores não indígenas pelas mesmas razões.

A Assoer teve participação recente na Conferência Municipal da Juventude, realizada no mês de agosto, quando apontou interesses como passe livre na passagem de ônibus que, segundo Nascimento, já é uma realidade em outros estados. (J.B)