Estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Padre José Monticone, no Município de Mucajaí, a cerca de 55 quilômetros da Capital, região Centro-Oeste do Estado, denunciaram à Folha a falta de professores desde o início do ano letivo 2017. Os alunos só estão tendo aulas de Língua Portuguesa, Matemática e Educação Física nos dois horários de estudo, matutino e vespertino. Em Boa Vista, pais denunciaram que a Escola Estadual Buritis, no bairro do mesmo nome, na zona Oeste, não tem reforma há sete anos e já apresenta inúmeros problemas.
Uma aluna da Escola Monticone informou que os alunos estão querendo satisfação sobre o restante das disciplinas que já deveriam ter começado. “Temos que ir de manhã e à tarde só pra assistir três matérias. Eu moro longe para, às vezes, ainda só ter um tempo de aula”, disse. De acordo com a denunciante, os alunos foram informados que as demais matérias só vão começar no ano que vem. “Então por que temos que ir se não temos a grande completa?”, questionou.
ESTRUTURA – Em Boa Vista, pais alunos da Escola Estadual Buritis, localizada na rua Antônio Pinheiro Galvão, denunciaram a precariedade em que se encontra a unidade de ensino. Conforme relatos, há sete anos a escola não passa por reforma. “Por fora ela ainda pode aguentar, mas por dentro há ventiladores quebrados, forros quebrados nas salas dos professores e nas salas de aula. Tem goteira quando chove e já tem mais de um ano”, disse um pai que não quis se identificar.
Segundo o denunciante, apesar da maioria das escolas do Estado já usarem cadeiras novas, os alunos ainda utilizam cadeiras antigas de madeira. O pai ainda informou que o Laboratório de Informática não possui internet, o que compromete a produção de trabalho. “Tem uma Rádio Escola que era pra servir aos alunos, para dar aviso e outros informativos da entidade, uma forma de trazer música até na hora do intervalo e não está sendo usado, fecharam a Rádio Escola. Tá com equipamento e não é utilizado”, lamentou.
GOVERNO – Em nota, a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) explicou que a falta de professores em algumas escolas do interior está ocorrendo em razão da suspensão do Processo Seletivo feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Frisou que o TCE deu prazo para a Seed se manifestar. “Já foi protocolada a manifestação e a secretaria aguarda posicionamento do órgão para resolver a demanda de falta de professor”, informou.
Sobre a escola Estadual Padre José Monticone, em Mucajaí, a Seed informou que está ciente de que a unidade foi afetada com a falta de docentes em algumas disciplinas e ressaltou que está empregando esforço para resolver a situação o mais breve possível. Em relação aos alunos, informou que não serão prejudicados, uma vez que haverá reposição quando a situação for normalizada.
Quanto à Escola Buritis, na Capital, a nota informou que a Seed incluiu o prédio na lista de escolas que deverão receber o serviço de reforma predial. “A Seed está aguardando a tramitação do processo de licitação, a previsão é que ele seja concluído até o final deste mês”, frisou. (A.G.G)
Sinter diz que professores podem fazer paralisação
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter), Flávio Bezerra, informou que a entidade tem conhecimento dos casos e que já foi ao interior constatar que o problema ocorre em outros municípios. Em alguns locais, ele relatou que os professores se recusam a dar aula enquanto o quadro de servidores não ser preenchido totalmente. “Como há uma independência, respeitamos a decisão que é tomada pela escola. Já fomos a Secretaria Estadual de Educação fazer a reclamação e levar a demanda”, ressaltou.
Ele declarou que existe a insegurança salarial dos professores que estão em sala e que eles estão trabalhando na grade desde fevereiro, mas até o momento os salários não foram atualizados e nem pagos. Ele disse que os professores estão recebendo o salário referente a 25 horas, contudo chegam a trabalhar até 40 horas. “A diferença seria paga posteriormente, mas quando é esse posterior? É insatisfação do aluno e professor. Estamos próximos de uma paralisação pela falta de organização do Estado”, disse. (A.G.G)