O pleito para o cargo de reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR) motivou a organização do protesto de estudantes em frente à sede da unidade em Boa Vista, ocorrido na manhã desta quinta-feira, dia 24. A participação de apenas uma chapa, não configura um processo democrático, de acordo com eles.
Esta é a segunda eleição para o cargo, que desde a criação da universidade em 2005, era ocupado por pessoas nomeadas por escolha exclusiva do governador, sem que houvesse consulta a professores, técnicos e alunos.
A possibilidade de haver eleições diretas foi um dos principais pontos reivindicados na greve de professores da unidade, realizada em agosto de 2013. À época, o pedido foi acatado pelo então governador, Anchieta Júnior, que estipulou prazo para que elas ocorressem em 2014.
Entretanto, devido à concessão de liminar proferida pelo juiz César Henrique Alves, o pleito para reitor e vice-reitor foi suspenso após a ingressão de mandado de segurança por uma das cinco chapas registradas.
Somente em novembro de 2015 a primeira votação direta para o cargo ocorreu, com a vitória da única chapa inscrita, que pertencia ao atual reitor da UERR, Regys Odlare Lima de Freitas, eleito com 1.015 votos contra 131 de brancos e nulos.
Nesta eleição, para o quadriênio 2020-2023, duas chapas haviam feito a inscrição. Porém a concorrente, “UERR Participativa”, foi impugnada em razão da ausência de Certidão Negativa emitida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Em desacordo com a situação, cerca de 30 alunos compareceram ao ato pela manhã, com faixas e gritos de protesto. Conforme o representante estudantil, Cassiano Ricardo, a manifestação foi organizada para reivindicar o direito de escolha.
“É inadmissível que a gente não possa ter uma opção de escolha. Tudo bem que tem uma comissão eleitoral que faz esse trabalho de impugnar ou não as chapas, mas é muita coincidência que dois processos eleitorais se deem por chapa única e inclusive, com a chapa que é do atual reitor da universidade”, argumentou.
De acordo com informações da UERR, a instituição possui em torno de 958 alunos distribuídos nos cursos de graduação e pós-graduação. Diferente do pleito de 2015, consta no edital de convocação para a eleição deste ano, que o voto dos estudantes possui apenas 10% de peso, enquanto professores possuem 70% e técnicos 30%. Antes eles representavam 20%.
“O peso do voto, que já era pequeno e agora caiu pra somente 10%, é quase simbólico. A gente é maioria na universidade”, criticou Ricardo.
OUTRO LADO – A reportagem da Folha entrou em contato com a Universidade Estadual que encaminhou o repórter para a Comissão Eleitoral para esclarecer alguns dos pontos questionados pelos alunos, mas até o fechamento desta matéria não houve resposta. O espaço permanece aberto.