Há algumas semanas, a população que utiliza transporte público tem reclamado por meio de denúncias que estudantes da rede pública causam confusão e quebra-quebra no Terminal Campana Wanderley, no Centro.
Quase todos os dias, às 18h, quando os alunos estão retornando para suas casas, ocorrem brigas generalizadas no local e, segundo comerciantes que possuem estabelecimentos no terminal, os confrontos têm causado prejuízos a eles.
Um dos proprietários de barraca de vendas de acessórios para celular disse que um dos adolescentes envolvidos numa briga que aconteceu no início da semana, amassou a cobertura da sua barraca. “A gente tenta se proteger como pode, mas geralmente, quando as confusões ocorrem, não há policiamento aqui”, destacou o vendedor de 60 anos, que preferiu não se identificar.
Pelo terminal passam centenas de pessoas todos os dias, que agora convivem com esse tipo de problema. Uma usuária, que aguardava a chegada do coletivo para ir ao trabalho, informou que as brigas de alunos têm se tornado rotineiras e que, mesmo com o monitoramento por câmeras de vigilância que existem no local, eles não se intimidam. “Tem sido constantes esses alunos brigando aqui no terminal. Às vezes até machucam outras pessoas que estão próximas aos confrontos e que não estão envolvidas na confusão”, frisou a vendedora, de 26 anos.
Outra dona de estabelecimento comercial reclamou que as brigas são violentas e que até mesmo causam prejuízo ao patrimônio público. “Eu trabalho vendendo minhas bijuterias há alguns meses e esses estudantes estão tirando nossa paz. Mas o mais impressionante é que toda vez que ocorrem brigas, geralmente no horário de 18h, não tem um guarda aqui para apartar a confusão. A gente assiste. Fazer o quê? Se a gente se mete, apanha também”, disse a comerciante, de 43 anos, que não quis ter a identidade divulgada. “Houve uma vez que um aluno saiu correndo, entrou dentro do banheiro e pegou uma faca, depois colocou na cintura e saiu perseguindo outro. Não sei como acabou a situação entre eles”, lembrou.
CONSELHO TUTELAR – O conselheiro tutelar municipal Franco Rocha informou que o Conselho Tutelar é somente acionado quando os menores envolvidos nas brigas relatadas são encaminhados para a delegacia competente. “Esses adolescentes geralmente são de escolas diferentes e estão criando uma espécie de rivalidade”, disse.
“Quando precisamos intervir nos casos, fazemos orientação e notificação à família do adolescente e assiste com psicólogo e assistência social. Quando há reincidência, encaminhamos o caso para o Ministério Público e, caso respondam processo por agressão, podem prestar serviços comunitários ou até mesmo a família ter de indenizar a vítima por danos”, complementou.
PREFEITURA – Por meio de nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que mantém no Terminal Campana Wanderley um policiamento fixo e que são realizados patrulhamentos com viaturas no horário de 18h, “justamente para evitar situações como essas”. “Os guardas municipais procuram orientar os jovens e, em alguns casos, os pais ou responsáveis são acionados e, em outros, no caso de algum adolescente portar arma branca, ele é conduzido à delegacia especializada”, frisou.
GOVERNO – A Folha entrou em contato com o Governo do Estado para questionar sobre o problema que os estudantes da rede estadual estão causando no terminal e, por meio de nota, a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) informou que “não tem conhecimento sobre a denúncia, no entanto, ressalta que irá averiguar a situação para saber se a denúncia procede e, se for o caso, identificará os alunos para que sejam adotadas as medidas cabíveis”. (T.C)