Cotidiano

Ex-produtor rural desiste da agricultura para abrir próprio negócio

Adaptado à lida no campo e acostumado a uma vida simples de um agricultor, Loureno Montanha pouco ou nada conhecia a cidade grande ou sobre negócios.

Sua vida, até maior parte da juventude, se resumia ao dia a dia no campo e atividades de cultivo agrícola no interior do Estado do Paraná. Natural da cidade de Assis Chateaubriand (PR), Loureno nasceu numa família humilde de agricultores que tirava o próprio sustento daquilo que produziam na pequena propriedade rural da família. “Comi a primeira pizza com mais de 20 anos, já em Boa Vista”, revela.

Com a morte dos pais, Loureno pensou iniciar uma nova vida em outro lugar e vislumbrou que teria mais chances e crescimento no segmento da agricultura em Roraima, Estado que possuía extensas faixas de terras agricultáveis pouco exploradas ainda, e local onde uma irmã produzia hortaliças. O ano era de 1996, e disposto a arriscar, ele embarcou toda a família, esposa e dois filhos em um carro e pegou a estrada rumo ao Norte.

“Lembro que minha esposa se assustou quando falei qual era o destino. Viemos arriscar na agricultura. Trouxe minha família e passamos 14 dias na estrada numa viagem cansativa e desgastante. Quando chegamos fomos para a comunidade da Serra da Prata, próxima ao município de Mucajaí”, afirmou.

Na Serra da Prata, Loureno passa a trabalhar como meeiro, ou seja, tudo o que plantava no terreno, repartia o resultado das plantações com o proprietário da terra.

Com o negócio não dando o retorno esperado, Loureno aceita o convite de um irmão que o chama para trabalhar numa pequena fábrica de sorvete, recém inaugurada.  “Alugamos um ponto comercial na Avenida Manoel Felipe e montamos uma pequena fábrica de sorvetes. Nesta época, dividíamos dois cômodos que sobraram da casa para duas famílias, um total de oito pessoas”, recorda.

Em 1999 a história de Loureno começa a tomar novo rumo. Neste ano, ele comprou uma casa na Avenida Mário Homem de Melo e aproveitou uma pequena estrutura onde funcionava uma pizzaria para abrir a sorveteria LM, iniciais do seu nome. “Para aumentar as vendas contratei dez picolezeiros para vender nos bairros da cidade”.

Contou que a sorveteria abria sempre a partir das 7h da manhã, horário que carregava os carrinhos dos picolés. “Para manter a sorveteria aberta começamos a vender salgados. Fiz um curso no Senac de salgados e comecei a preparar os primeiros salgados. No curso também aprendi a preparar massas de pizza”, afirmou. “O que viemos fazer não deu certo e tínhamos que apelar para outra alternativa”, disse.

Estabelecido em um ponto comercial já conhecido por conta do antigo endereço onde funcionava a pizzaria, as pessoas sempre iam à sorveteria à procura de pizza.  A constante procura convenceu o empresário de que poderia vender, além dos salgados, pizzas.

“Em 2002 começamos a vender pizza. Não tínhamos máquinas, preparávamos tudo manualmente; as massas não davam certo e muitas vezes pensei em desistir. Os primeiros clientes foram amigos do Paraná que chegaram na cidade e provaram pizzas mesmo duras. Não queria nem cobrar”, recorda.  “Não foi fácil, mas para quem era acostumado ao trabalho pesado na roça, puxando pedra, isso não era nada”, comparou.

Com o passar do tempo, Loureno foi aprimorando as massas e aperfeiçoou suas habilidades culinárias e em um ano depois já estava contratando os primeiros funcionários para auxiliá-lo no preparo das massas e no atendimento. Hoje o sucesso do empreendimento pode ser medido em números. A Pizzaria gera um total de 28 empregos, desses, 14 são contratações diretas.

“No início tínhamos seis mesas, hoje atendemos em um salão para 250 pessoas. Não esperava chegar tão longe. Lembro que no início nossa meta era vender 80 pizzas em três dias: sexta, sábado e domingo. Hoje chegamos a vender 250 num único domingo”, contabiliza.

Confessa, no entanto, que a empresa passou por momentos difíceis.  Em uma fase da vida, o empresário conta, que arrendou a pizzaria para outra pessoa que não conseguiu dar prosseguimento ao trabalho iniciado por ele.

Para o empresário, este momento foi marcante, quando ele reassume o comando da pizzaria, com a missão de reerguer a empresa e retomar o caminho de crescimento e sucesso.  “O apoio de parentes, amigos foi fundamental nesta fase… não sabíamos que tinha tanta gente torcendo por nós”, reconheceu.