“Suspenso”. É a resposta que pacientes da rede pública têm ao solicitar exames nos laboratórios particulares que atendem à demanda do governo do Estado. O problema começou em 28 de janeiro quando exames especializados deixaram de ser marcados e não deram mais explicações para os interessados.
Para quem precisa se submeter frequentemente a exames, a situação é preocupante e afeta diretamente o tratamento de doenças crônicas. Conforme relatou a presidente da Associação de Pacientes com Lúpus de Roraima (APLRR), Ildelene Ferreira, a única informação que teve foi dos laboratórios, que não deram respostas concretas sobre o retorno do serviço.
“Me afeta completamente porque minha consulta até passou e eu nem fui. O que vou fazer lá sem os meus exames? Não tenho a mínima condição de fazer porque dá R$ 350 tudo, além de eu pagar meus remédios, porque o governo nunca regularizou a situação dos medicamentos dos pacientes de lúpus”, lamentou.
Ela chega a gastar em torno de R$ 450 para conseguir bancar todo o tratamento. São 58 pessoas associadas. Os exames conseguem detectar se o medicamento está fazendo efeito e se é necessário aumentar ou diminuir a dosagem. Sem eles, os pacientes estão faltando às consultas. “São vários tipos de exame. De sangue, urina… agora, as pessoas só estão indo pegar receita mesmo”.
Ildelene destacou que precisa fazer mensalmente os exames e que por causa do lúpus tem problemas renais e não consegue ir até o médico especialista por não ter como apresentar os exames. Por se tratar de uma doença autoimune, ela ataca também o “emocional” e o paciente não pode passar por situações de estresse.
“Isso agrava tudo porque não tem como o médico saber se o paciente está melhor ou não. Eu estou estável, tentando melhorar com exercício físico e alimentação, mas fico preocupada quando penso como vou conseguir um jeito de arrumar dinheiro para fazer os exames. Tenho problema renal grave e isso me preocupa”, criticou.
Com a falta dos medicamentos azatioprina, prednisona e ciclesonida para o tratamento de lúpus, os pacientes estão sobrevivendo com doações de remédios ou precisam pagar todo o tratamento.
“Se o governo não regularizar, vou ter mais gastos ainda. Com as doações, alguns pacientes melhoram, a gente fica se mantendo assim. São mais de 200 com lúpus aqui em Roraima”, afirmou.
Contratos serão retomados conforme disponibilidade financeira, diz Sesau
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que, de acordo com a Coordenadoria Geral de Regulação, Avaliação e Controle (CGRAC), os contratos com os laboratórios particulares que atendem às demandas do governo estão sendo retomados conforme disponibilidade financeira. Não foi informado prazo previsto para que isso ocorra.
PROCESSO– A secretaria ressaltou ainda que os medicamentos azatioprina, prednisona, ciclesonida, para tratamento de lúpus, estão em processo de aquisição. Já o rupinol não está na lista dos medicamentos essenciais fornecidos pelo Estado.