A solenidade de despedida e apronto operacional do efetivo do VII Contingente da Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida, que começa a embarcar para Roraima no dia 20, foi realizada nesta quinta-feira (7), na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Serão ao todo oito embarques, da Base Aérea do Galeão.
A operação começou em março de 2018, com um rodízio do contingente de militares entre os comandos regionais do Exército para trabalhar em Pacaraima e Boa Vista (RR) e em Manaus (AM), recebendo os imigrantes venezuelanos que entram no Brasil pela fronteira norte devido à crise humanitária vivida pelo país vizinho.
Os 600 homens e mulheres da área do Comando Militar do Leste estão em preparação há duas semanas para exercer diversas funções, como segurança de fronteira, ordenamento dos acampamentos, emissão de documentos e auxílio às agências internacionais humanitárias que trabalham no local. O chefe do estado maior desta fase da operação, coronel Carlos Cinelli, explicou que o objetivo da missão é “atenuar o sofrimento dessas pessoas” e, na medida do possível, “inseri-las no ordenamento jurídico e laboral brasileiro”.
Ajuda humanitária
“Nós temos uma preocupação desde o início da missão, não apenas abrigá-los num primeiro momento, oferecer ajuda humanitária, mas a partir daí expandir esse esforço e interiorizá-lo para outros estados do Brasil que estão colaborando com esse processo. Isso vai desde reunião familiar, quer dizer, do imigrante que veio no início e agora a sua família está vindo, até a obtenção de vagas de empregos sinalizadas”, disse.
A assistente sênior de proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) no Brasil, Sílvia Sander, lembrou que a agência foi a primeira a chegar a Roraima para atender a crise venezuelana, em junho de 2017, iniciando as conversas com o governo federal e com o Exército para montar a operação.
“Hoje, a resposta brasileira vem sendo considerada uma das melhores da região, se não a melhor para este fluxo misto venezuelano, em função, sobretudo, dessa sinergia de esforços que une agencias das Nações Unidas, Exército Brasileiro, sociedade civil e governos. Nesse contexto, o apoio do Exército, sobretudo em questões logísticas e de cooperação em todas as etapas da operação Acolhida, é fundamental para que ela aconteça”, explicou Sílvia.
Para ela, o trabalho está sendo tão bem-sucedido que a Acnur está replicando o modelo em outras regiões. “Os inúmeros desafios em todos os três eixos da Operação Acolhida, que é o ordenamento de fronteira, abrigamento e interiorização, têm sido exportados como uma boa prática a nível regional nas Américas e a nível mundial”.
Segundo Sílvia, a estimativa da Acnur é que nos últimos anos mais de 400 mil venezuelanos entraram no Brasil, sendo que uma parte segue viagem para outros países, como Argentina e Chile, e uma parte fica no Brasil.
“A maioria fica represada em Roraima, onde temos um número flutuante de pessoas abrigadas, atualmente são cerca de 6.700 pessoas abrigadas em Pacaraima e Boa Vista e mais 3 mil vivendo em alojamentos precários ou em situação de rua em Boa Vista”, disse.
O trabalho humanitário da Operação Acolhida ocorre em parceria com a Marinha do Brasil, a Força Aérea Brasileira, ministérios, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Organizações Não Governamentais, agências civis, secretarias estaduais e municipais, com coordenação do Ministério da Defesa.
*Com informações da Agência Brasil