Cotidiano

Exigência de laje dificulta crédito da Caixa em Roraima 

Enquanto não se resolve impasse, empreiteiros ressaltam que cadeia produtiva do mercado imobiliário fica parada e já se fala em demissão

Uma mudança nas regras para construção de casas populares da Caixa Econômica tem causado entrave na concessão de créditos e uma queda no mercado imobiliário de Roraima. A nova exigência é que imóveis financiados pelo banco tenham lajes para se conseguir o financiamento. 

Com a resolução da Caixa, houve uma retração no mercado imobiliário e os prejuízos neste início de ano já são contabilizados. Para tentar resolver o impasse, 15 empreiteiros do Estado compareceram na tarde de ontem à sede do banco em Roraima para cobrar um posicionamento da superintendência e explicações sobre o alinhamento de valores do metro quadrado da construção no Estado.

“Queremos uma posição do superintendente da Caixa. Já estamos na segunda quinzena de março e ainda não fizemos um contrato este ano, isso devido a algumas mudanças no financiamento, especialmente na obrigação de construção de lajes nos imóveis. Isso encarece em média 25% o valor final de uma casa popular”, disse o empreiteiro Tiago Fragoso.

Ele explica que antes da resolução do banco, se trabalhava em Roraima com preço médio de R$ 1.500 a R$ 1.600 o metro quadrado de construção, sem a laje. 

“E hoje não conseguimos uma aprovação de mais de R$ 1.600 com a laje”, afirmou. “Como a Caixa nos pede para fazer laje e dar mais qualidade e conforto, mas na hora de pagar não querem passar o preço justo? Assim, não tem mais como fazer construção em Roraima”, avaliou.

Outro ponto destacado pelo empresário é quanto ao alinhamento dos valores feitos pelos engenheiros da Caixa. Ele e os demais empreiteiros afirmaram que não chegam a um número exato. 

“Os engenheiros não estão alinhados com os números. Uns dizem que o metro quadrado pode chegar a R$ 1.800, outros, que não pode passar de R$ 1.550. Entendemos que a Caixa tem que ter um programa e chegar a um denominador que propicie as empresas continuar trabalhando”, afirmou.

Enquanto não se resolve o impasse, Tiago Fragoso ressaltou que a cadeia produtiva do mercado imobiliário fica parada e já se fala em demissão. 

“Sem novos contratos, as empresas maiores já começam a demitir e quem tem pequena empresa está deixando de contratar pedreiros e serventes. Além disso, as lojas de material de construção deixam de vender e quem perde com isso é a economia do Estado”, reclamou. “Isso sem falar que com a laje vai aumentar o valor final da casa e dificultar o aceso do usuário ao crédito da Caixa”, destacou. 

Já o empreiteiro Roseandro do Carmo ressaltou que a Caixa usa uma avaliação única de preços em todo o Brasil, esquecendo que Roraima fica fora do eixo dos grandes centros comerciais do País e o preço do frete encarece os produtos de construção, em especial o cimento, o que deixa tudo mais caro.

“Roraima está fora da rota do transporte e isso encarece o frete do material que usamos na construção. A Caixa deveria manter um padrão racional e ter um olhar diferenciado para o Estado”, disse. “Um saco de cimento em São Paulo custa R$ 17; aqui em Roraima, se paga R$ 31. Isso se agrava ainda mais porque a saca de São Paulo é de 50 quilos e aqui é de 42”, afirmou. “Até nisso somos prejudicados”, lamentou.

OUTRO LADO – A reportagem entrou em contato pessoal e por e-mail com a assessoria da Caixa em Roraima para saber que posição será tomada em relação aos protestos dos empreiteiros, mas não houve resposta.

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