O Estado recebeu, em maio deste ano, certificado que permite a exportação de carne bovina roraimense para outros países. Para a Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), o documento já tem mostrado resultados na economia local, mas ainda falta disposição da iniciativa privada.
Conforme o órgão, o Estado conseguiu alcançar o que era de sua competência, no caso, o certificado de livre de febre aftosa, com vacinação reconhecida pela Organização de Saúde Animal.
No entanto, até o momento, só existe um matadouro privado em Roraima que está apto para exportar internacionalmente, já que possui o Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura.
Vale ressaltar que o Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafir), de ordem pública, está registrado somente no Serviço de Inspeção Estadual (SEI), desde o cancelamento do SIF no ano passado. A certificação atual do SEI só credencia o Mafir a comercializar dentro do estado.
Certificação internacional já tem reflexos positivos na produção
Ainda assim, o assessor de Educação Sanitária da Aderr, médico veterinário Silvio Botelho, acredita que a emissão do documento já teve um reflexo positivo no Estado, com o fortalecimento da produção de carne bovina e de seus derivados, como queijo, leite e ovos.
“Agora, com essa certificação internacional, toda carne e seus derivados, que forem produzidos no Estado, têm livre exportação podendo atingir vários países do mundo e outros estados”, afirma. “A liberação possibilita toda essa positividade e um ambiente fértil de negócios, que já pode ser percebido”, completa.
O cenário atual, para Botelho, é de uma credibilidade maior na região, já que a iniciativa privada passa a acreditar que pode investir no Estado, o que traz respostas positivas na economia de Roraima de uma forma geral. Por exemplo, um empresário que antes só comercializava nacionalmente e agora deseja ampliar sua exportação e alcançar mercados internacionais. Com isso, precisa aumentar a sua produção, o que resulta na compra de mais materiais, equipamentos, animais e geração de mais empregos.
“As pessoas precisam compreender que tudo está ligado, quem antes tinha só um trator, vai precisar comprar outro. É uma roda que gira a economia de Roraima”, ressalta o veterinário.
Exportação deve obedecer a regras do Ministério da Agricultura
Atualmente, a Aderr só é responsável pela orientação aos produtores e pela vigilância e combate às doenças aos animais. Toda e qualquer exportação de animais vivos ou produtos de origem animal é submetida ao cumprimento de requisitos regulamentados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A orientação do Mapa é que a empresa interessada no mercado de exportação obtenha primeiramente o registro do estabelecimento no Serviço de Inspeção Federal (SIF), do próprio Ministério. O documento atesta a regularidade sanitária, técnica e legal das instalações e etapas do processo de produção.
Após a concessão do registro no SIF, a empresa deve requerer habilitação para exportar junto ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura. Ao final do procedimento, a empresa será considerada habilitada ao comércio internacional e incluída na lista de estabelecimentos exportadores. (P.C.)