Cotidiano

Exportação para Guiana deve chegar a US$ 3 milhões

Para a Fecomércio, se for mantido esse ritmo de vendas até o final deste ano será batido um novo recorde nas exportações

Relatório elaborado pela Federação de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Roraima (Fecomércio-RR), aponta que as empresas roraimenses já exportaram para a Guiana um pouco mais de US$ 1 milhão nos primeiros quatro meses deste ano. 

Para o presidente da entidade, Ademir dos Santos, se for mantido esse ritmo de vendas, até o final do ano será batido um novo recorde nas exportações para aquele país, ultrapassando a casa dos US$ 3 milhões.

Segundo projeção feita pela assessoria de economia da Fecomércio-RR, as relações econômicas entre Roraima e Guiana devem se intensificar nos próximos anos, principalmente se concluindo o projeto de asfaltamento da rodovia que liga o município do Bonfim, fronteira com o Brasil, com Georgetown, capital guianense.

“O empresário de Roraima está vivendo um momento ímpar na história deste Estado. Mesmo com o Brasil vivenciando um momento de crise, Roraima tem a oportunidade de um mercado promissor do lado, que é a Guiana, que está iniciando a extração de petróleo e nos próximos dez anos pode apresentar a maior renda per capita da América do Sul”, disse.    

Ele afirmou que se for mantido o crescimento médio dos últimos anos, a projeção é de que em 2023, o Estado ultrapasse a marca de US$ 5 milhões de vendas para a Guiana, chegando em US$ 10 milhões ainda em 2026 e ultrapassando os US$ 30 milhões em 2030.

Além de crescente, Ademir destacou que as exportações para o país vizinho são bastante diversas, sendo vendidos mais de 140 tipos de produtos diferentes, dentre eles destacam-se os produtos agrícolas, gás de cozinha, água mineral, materiais de construção, de higiene e limpeza.

Ele destaca a localização geográfica privilegiada de Roraima, fazendo fronteira com a Venezuela e Guiana, o que possibilita alcance com mais facilidade a novos mercados ávidos por mercadorias e insumos, o que pode gerar um incremento na produção local.

“A Guiana não apresenta um leque grande de produção interna e tem um mercado aberto para o consumo e isso representa muito para os empresários de Roraima, pois já estamos trabalhando para haver mais interação com o governo guianense, em especial concluir a estrada que liga Lethem a Linden, numa faixa de 400 quilômetros, inclusive abrindo caminhos para exportação para outros países do Caribe, pelo porto de Georgetown”, disse. “Mas para isso precisamos tirar estas amarras de logística e deslanchar as exportações também para Europa e Ásia”, afirmou. 

IMPORTAÇÕES – Em relação às importações oriundas da Guiana, Ademir informou que as empresas locais compraram apenas arroz, chegando no seu ápice em 2015, quando foi registrado US$ 872 mil, contudo essa compra veio caindo acentuadamente nos anos subsequentes, fechando 2018 com compras de US$ 247 mil. Este ano deve-se ter uma queda ainda maior, já que até abril deste ano só foram computadas importações de US$ 19 mil.

“Estes dados são referentes apenas às compras realizadas por empresas locais de forma oficial e informada para a Receita Federal, o comércio “formiguinha” feito por pessoas físicas na cidade fronteiriça de Lethen não são registrados, e este vem crescendo a olhos vistos”, disse. (R.R)

Comércio com a Guiana surge em momento de crise na Venezuela 

O presidente da Fecomércio, Ademir dos Santos, ressaltou que o aumento das exportações para a Guiana aparece no momento em que o principal parceiro comercial de Roraima, a Venezuela, entra em crise. Ele lembra que o Estado possui uma relação econômica histórica com a Venezuela e que, mesmo em crise, conseguiu comprar mais de 14 milhões de dólares. 

“Nossa relação comercial perdura mesmo com a crise que assola a Venezuela, nossa facilidade de acesso favorece aos nossos empresários, que só em 2018 exportaram para lá mais de US$ 14 milhões”, afirmou.

Por outro lado, Ademir citou que a relação comercial com a Guiana é mais recente e ainda em menor volume. As exportações oficiais de empresas roraimenses começaram em 2001 quando foram exportados aproximadamente US$ 38 mil, apenas de cimento.

“A Guiana tem uma população de 700 mil habitantes e, pesar de inicialmente pequena, as vendas vêm se avolumando a cada ano, com crescimento médio anual de 33%. Em números absolutos ultrapassamos a casa dos US$ 200 mil em 2010 e três anos depois já tínhamos exportado mais de US$ 1 milhão”, disse. “Já em relação à Venezuela, esperamos que essa situação não perdure por muito tempo e que o país que tem população de 30 milhões de pessoas volte a ressurgir e quando isso acontecer, estaremos aqui prontos para atender essa população com produtos agrícolas e alimentícios”, disse. (R.R)

Presidente da Câmara do Comércio está em Georgetown articulando novos contatos 


Presidente da Câmara Brasil/Guiana, Remídio Monai, está em Georgetown (Foto: Arquivo Folha)

O presidente da Câmara Brasil/Guiana, Remídio Monai, está em Georgetown e, por telefone, disse à Folha que a viagem está sendo muito produtiva e que novos contatos com empresas e com o governo guianense estão sendo articulados. 

“Estão comigo empresários do ramo madeireiro e de distribuição de gêneros alimentícios de Roraima fazendo contatos com órgãos do governo guianense e da Federação do Comércio local, onde houve eleição esta semana e o novo presidente eleito é meu amigo de muitos anos e isso com certeza vai facilitar ainda mais nossas articulações com a Guiana”, afirmou.

Outro ponto citado por Remídio foi quanto à confirmação de uma reunião em Boa Vista com os órgão de Turismo, marcada para o dia 18 deste mês. 

A perspectiva de que a Guiana seja um dos países mais ricos do continente nos próximos cinco anos, o que vem despertando os empresários de Roraima a investir no país vizinho. 

“Essa expansão econômica tem despertado a atenção do empresariado de Roraima e de outros estados que vislumbram expandir seus negócios para o Caribe, principalmente depois que foi anunciado que o país vai iniciar a extração de petróleo e, para isso, precisa fazer grandes investimentos em estradas, construção civil, energia elétrica e portos”.

Ele disse que a Câmara Internacional de Comércio Brasil/Guiana está acompanhando de perto esse crescimento de investimentos. “Muitos empresários estão acompanhando esse crescimento e vendo onde podem se encaixar e buscar lucros para suas empresas”, afirmou. (R.R)