O comércio ilegal de madeira instalado em Roraima vem ganhando força nos últimos meses. Mesmo com as seguidas operações realizadas por órgãos de fiscalização, as apreensões não param. Somente de terça-feira para quarta-feira, 15, foram apreendidos 343 metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente. O material, avaliado em mais de R$ 115 mil, foi confiscado no Sul do Estado durante as atividades previstas na Operação Ágata 11, desenvolvida pelos militares da 1ª Brigada de Infantaria de Selva.
Somente no primeiro semestre de 2015, a Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) identificou 12 pontos de desmatamento ilegal em Roraima, com área total de 104 hectares de mata derrubada nos municípios de Alto Alegre, Boa Vista, Cantá, Caroebe, Iracema e Rorainópolis. Com o objetivo de coibir a estocagem de madeira sem o Documento de Origem Florestal (DOF) e a extração ilegal de origem não autorizada, o órgão ambiental vem realizando fiscalizações contínuas em todo o Estado.
Segundo o diretor-presidente da Femarh, Rogério Campos, o Município de Rorainópolis, no Sul do Estado, é o que mais vem sofrendo com a extração ilegal. “É justamente onde está a grande concentração do setor madeireiro na região. O grande mercado deles é tanto o Nordeste quanto para o Sudeste, bem como para fora do País também”, disse. As multas aplicadas aos responsáveis pelo desmatamento ilegal variaram de R$ 1 mil a R$ 77 mil, conforme a área desmatada.
Para coibir a prática, o órgão tem feito fiscalizações in loco e por meio de busca de informações florestais. “Temos acompanhado de perto essa situação e fiscalizando por meio de um sistema que permite que façamos uma busca de dados em questão de notas e saídas de mercadorias, onde temos avançado muito para coibir a prática ilegal de falsificação de documentos”, destacou.
Campos informou que o fato de a extração ser concentrada no Sul do Estado diminuiu o gasto do transporte para os madeireiros. “Na verdade, estão lá devido à presença da madeira mais próxima, o que diminui o gasto do transporte. É claro que não podemos também generalizar o setor, temos falado muito que vai ter o crescimento de desmatamento na nossa região, mas vamos trabalhar para ter um setor madeireiro totalmente legalizado”, afirmou.
Para ele, a recente transferência de terras da União para o Estado pode acarretar no aumento do desmatamento em Roraima. “A intenção é trabalhar para que isso ocorra dentro da legalidade. Existem pessoas que procuram fazer de forma ilegal. Essas pessoas é que estamos fazendo um trabalho de inteligência para tirarmos de circulação no Estado”, frisou.
LEGALIDADE – A extração de madeira é legal somente quando feita dentro dos 20% da área devidamente licenciada. Se o proprietário da terra derrubar a floresta no perímetro permitido de 20%, mas sem o licenciamento ambiental, a multa é de R$ 1 mil por hectare derrubado. Se a extração ocorrer dentro da reserva legal (fora dos 20% permitidos), a multa avança para R$ 5 mil por hectare derrubado. (L.G.C)