Internado há pouco mais de três meses, no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), o menino Lucas Nain, de 4 anos, que possui hidrocefalia (acúmulo de líquido no crânio), precisa passar por uma cirurgia de urgência para a implantação de uma válvula no coração.
O problema, segundo a mãe dele, Michelle Martins, é a demora na espera para a aquisição do aparelho, que já dura quase um mês. “Uns falam que já foi comprado, outros que essa válvula não tem no País. Ele utilizava um aparelho mais tradicional, mas agora ele precisa de uma que vai para o coração. A desculpa que dão é que: não tem porque ainda não foi fabricado, mas o meu filho não pode ficar esperando por muito tempo”, disse.
Ela afirmou que o hospital chegou a marcar a cirurgia, mas a válvula não era a que Lucas precisava. “O médico viu que compraram a válvula errada, então a cirurgia seria em vão e ele acabou cancelando. Ele está com uma válvula que não serve mais, que está pingando a água num saco plástico. Ontem, ela entupiu e ele agonizou de dor. Ficou todo roxo e o coração foi a 180 batimentos”, relatou.
A mãe contou que o quadro clínico do filho piorou depois do menino ter contraído duas infecções na unidade. “Ele estava com infecção no líquido da cabeça dele, foi tratado e agora aguarda para fazer a cirurgia, que não foi feita ainda porque não tem a válvula que ele precisa”, declarou.
Devido a demora para realização da cirurgia, o médico teria cogitado a hipótese de transferência do menino para outro Estado. “O médico cogitou até a questão do TFD, mas o problema é que não tem quem vá com ele. Se aqui no Estado tem condição de ser feita essa cirurgia, não tem necessidade de viajar”, disse a mãe.
Ela afirmou que reivindicou providências dos diretores da unidade e também da Secretaria Municipal de Saúde para que a cirurgia do filho fosse feita com urgência. “Já tentamos procurar a direção de forma mais amigável, mas o que a gente percebe é que só tem enrolação. Na noite passada, meu filho voltou a agonizar novamente porque a cabeça começa a encher de água e válvula não drena”, reclamou.
Segundo ela, se o procedimento não for feito o quanto antes, o filho correrá risco de vida. “Ele pode pegar uma nova infecção. Seria a quinta cirurgia que ele iria fazer e ainda tem uma sexta, que é para colocar a válvula novamente para dentro. Quanto mais tempo ele espera, mais risco corre. O médico avisou que se não por a válvula correta, até sexta-feira, ele pode não aguentar”, frisou.
PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista esclareceu, em nota, que o paciente Lucas Nain já possuía uma válvula de derivação ventrículo peritonial, usada no tratamento da hidrocefalia, implantada antes da internação no Hospital da Criança Santo Antônio. “Devido a complicações apresentadas na válvula atual, foi solicitada a substituição por outro tipo necessário para o caso (válvula ventrículo atrial), que não está disponível no Estado e é pouco utilizada nos serviços de neurocirurgia, o que dificultou a localização de fornecedores”, informou.
A Prefeitura disse que já providenciou, em caráter de urgência, a compra do material médico cirúrgico, que já está em trânsito e deve chegar na próxima segunda-feira. “Com relação à cirurgia, a equipe se prepara para realizar o procedimento de acordo com quadro clínico da criança, que tem passado por avaliações pela neurocirurgiã e realizados todos os exames necessários”, complementou. (L.G.C)