Cotidiano

Falta de chuva pode provocar sérios danos

Intensificação da estiagem depois de inverno sem chuva pode provocar racionamento de água, assoreamento dos rios, incêndios e queimadas

Assoreamento dos rios e igarapés, racionamento de água nos municípios e aumento no número de incêndios e queimadas. Esses são alguns dos danos ao meio ambiente que deverão ser causados com a chegada do período de estiagem em Roraima depois de um período de inverno sem chuvas, intensificado pelo fenômeno El Niño, que provocará o aumento drástico das temperaturas.

O alerta é do especialista em recursos hídricos Rogério Campos, diretor da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh). O inverno, considerado um dos mais fracos dos últimos anos, e as altas temperaturas, equiparadas às do ano de 1998, quando Roraima ganhou repercussão mundial com a situação caótica de queimadas descontroladas e falta de água em inúmeras localidades, preocupam órgãos de defesa e autoridades, que já se preparam para não serem surpreendidos com o verão rigoroso.

No início do mês passado, a Defesa Civil promoveu a primeira de uma série de reuniões com representantes das prefeituras de cada município do Estado com o objetivo de debater estratégias para o verão do próximo ano. “É preocupante a situação da estiagem. Para termos uma ideia, normalmente as projeções começam a ser feitas em janeiro ou fevereiro do ano seguinte, mas este ano tivemos que começar em outubro”, disse o especialista.

Para ele, os trabalhos de prevenção devem ser focados principalmente na parte dos recursos hídricos para que os danos não sejam tão significativos quanto o esperado. “Se não tivermos condições de segurarmos nossos recursos hídricos, poderemos ter problemas graves, como racionamento de água, assoreamento de rios com fluxo contínuo, impossibilitando até uma possível ação contra incêndios”, alertou.

A grande preocupação, segundo o ambientalista, é a falta de água para o combate a incêndios e queimadas, que ocorrem principalmente nas áreas rurais dos municípios. “Estamos nos prevenindo para que possamos agir de maneira eficiente e diminuir os danos que a estiagem vai causar. Não temos como escapar, o que podemos fazer é minimizar os impactos, tanto os ambientais, quanto os sociais e econômicos de Roraima”, afirmou.

Campos explicou que as altas temperaturas causam um processo de combustão em todo o material orgânico dos solos, aumentando, assim, o risco de incêndios. “Qualquer faísca pode causar incêndio, que tem como consequência danos ambientais irreversíveis. Para controlar essa questão, temos que mostrar para a sociedade a importância de se evitar queimadas durante esse período”, destacou.

Além dos danos anunciados, a estiagem poderá causar, inclusive, o desaparecimento de ecossistemas na natureza. “Dependendo do ambiente em que certos tipos de animais vivem, como numa lagoa, se elas secarem e ficarem muito tempo sem precipitação, pode haver mortandade desses seres vivos”, frisou.

Uma das saídas seria a criação de reservatórios de água para segurar os lençóis freáticos. “Se forem bem feitos, licenciados e com projetos, conseguiremos diminuir os impactos ambientais. Funcionariam como bacias de contenção, onde a população poderia fazer o uso sustentável da água”, complementou.

Ele aconselhou que a população faça sua parte e evite o desperdício de água nas residências. “Uma coisa é olharmos para o nosso quintal e ver que a água está jorrando nas torneiras. Outra é ter consciência de que a estiagem será forte e que devemos usar, de forma sustentável, os recursos hídricos para que não tenhamos desperdícios”, destacou. (L.G.C)