Cotidiano

Falta de pagamento prejudica comércio no feriadão

Comerciantes afirmam que crise financeira do estado fez com que vendas caíssem no feriadão

Os centros comerciais de Boa Vista não estão reagindo bem aos primeiros dias do feriadão que iniciou nessa quinta-feira, 15, Dia da Proclamação da República, e vai até a próxima terça-feira, 20, Dia da Consciência Negra. Muitos comerciantes apontam uma queda drástica das vendas devido à falta de pagamento dos servidores públicos estaduais e terceirizados.

Este é o caso relatado pela vendedora de roupas, Francineia Borges, que trabalha em uma loja na avenida dos Bandeirantes, bairro Buritis. Ela contou que peças de banho têm sido o sustento da loja nos últimos dias, mas que ainda há expectativa para uma melhora nas vendas em dezembro.

“As nossas vendas vêm consistindo principalmente em biquínis e outras peças de banho. De resto, vemos que houve uma queda significativa de vendas de outubro para cá. A nossa esperança é que em dezembro o movimento melhore, pois é um período importante para todo o comércio, ainda mais agora com essa crise”, contou.

Na mesma avenida, a gerente administrativa de uma loja de confecções, Iglayr Souza, comentou que clientes que estão com grana curta optam pelos produtos mais baratos, e que o crescimento de venda é esperado para somente a reta final de dezembro.

“Estamos contando mesmo com os dias 22 a 25 de dezembro. A expectativa já deixou de ser para o mês em si. No momento, o nosso carro-chefe vem sendo as redes, e algumas confecções mais baratas. Eu também administro lojas com confecções mais caras, por serem mais bem feitas, e sinto a tendência da população de vir para o mais barato, pois boa parte da população está sentindo um aperto financeiro”, frisou.

A gerente administrativa de um comércio de sapatos na avenida Jaime Brasil, Dejane Gomes, afirmou que na região central de Boa Vista está mais comum ver clientes que vêm do interior do que aqueles que moram na Capital. Apesar disso, ela reconheceu que o lucro da loja vem caindo nos últimos dias.

“Estamos vendendo muita coisa cotidiana mesmo, como tênis e outros sapatos em geral. Quase todas as vendas dos últimos dois dias foram para pessoas que vieram do interior. O movimento caiu nesse feriadão, comparado com as vendas que estavam ocorrendo na semana, pois dá para ver que muitos estão preferindo viajar ou ficar em casa ao invés de comprar algo”, destacou.

Já a dona de uma loja de sex shop no Centro, Elandia Brelaz, aponta uma visão mais pessimista da crise financeira afetando comércios. Ela explicou que a falta de pagamentos afeta tanto as condições financeiras quanto psicológicas, que afeta a própria mentalidade de clientes, fazendo-os perder a disposição em fazer compras.

“Uma esposa de militar, por exemplo, não teria condições de vir aqui tanto por falta de condição financeira quanto psicológica. Essa crise afeta a cabeça das pessoas, e isso também se reflete para nós. Dá para sobreviver com o que vendo, mas não dá mais para prosperar aqui em Roraima com esse cenário. Os clientes que venho atendendo são servidores que estão recebendo em dia, como é o caso das secretarias da saúde e educação. Ficamos de dedos cruzados para o mês que vem, pois é a nossa esperança”, analisou.

GOVERNO – Em nota,  a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) esclarece que a crise que o Estado de Roraima passa é reflexo da crise nacional. Contudo, o Governo está trabalhando para equilibrar as contas e minimizar o problema até o fim do ano. Depende, porém, da melhoria da arrecadação; do diálogo com os Poderes; da redução de bloqueios judiciais e de mudanças no cenário econômico brasileiro. 

Dentre as medidas já adotadas, o Governo do Estado iniciou o corte de gastos com a exoneração de vários cargos comissionados e a intenção é efetuar o pagamento dos servidores, inclusive do décimo terceiro salário.