Cotidiano

Falta de recursos e políticas públicas são entraves da saúde

A afirmação é da Federação Médica da Amazônia, que colheu informações junto às Secretarias Municipal e Estadual Saúde

Depois de realizar audiências com os secretários municipais de Saúde do Município de Boa Vista e do Estado de Roraima, além do Ministério Público do Trabalho (MPT), o presidente da Federação Médica da Amazônia (Femam), Wilson Machado, disse em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, dia 31, que o maior problema da Saúde em Roraima é a falta de investimentos, retratando, segundo ele, com o restante do país. Nas audiências foram discutidas as condições e precariedade do trabalho médico em Roraima.
“A saúde de Roraima passa pelos mesmos problemas que o restante do Brasil, ou seja, com investimentos insuficientes. Isso foi dito pelos secretários de saúde de Boa Vista e do Estado”, frisou.
Wilson Machado destacou ainda a ausência de uma política de saúde eficiente, como forma de prestar um melhor atendimento a população, além da falta de recursos. “Nós temos que ter uma política de saúde, que possa direcionar maiores investimentos na atenção básica, com o programa Saúde na Família e nos Postos de Saúde, que custam mais barato, e com isso se faz atendimento da saúde em vez de investir na doença, que é mais caro”, frisou.
O presidente falou em investimento na saúde destacando trabalhos de prevenção, com vacinas, atendimentos de exames ginecológicos, de câncer, de próstata, dentre outros. “Isso evita que a população adoeça e procure os hospitais, que custa mais caro, desonerando em 80% a procura por hospitais”, garantiu. 
Aliado a essa ausência de uma política pública, o médico ressaltou a falta de investimentos de recursos no aparelhamento médico-hospitalar na alta e média complexidade e de recurso humanos.
“Temos que ter os instrumentos de alta tecnologia necessários para atender os casos mais complexos e que exigem esse tipo de tratamento. Se essa política for implantada, seguramente teremos um atendimento a população de forma mais adequada. Mas para que a máquina venha a funcionar harmoniosamente, tem que investir no plano de carreira para que os médicos possam se sentir estimulados a procurar de novo a prestação do serviço público, como funcionários públicos, porque acreditam numa carreira em que posam trabalhar e depois se aposentarem e garantir a condição de sobrevivência”, frisou.
MAIS MÉDICOS – O presidente da Femam, Wilson Machado, defende que com o plano de carreira resolveria também um problema grave que ocorre hoje, que é o de ter e manter médicos nas cidades do interior e nas periferias das grandes cidades.
“Isso resolveria outro grande problema, que é a vinda de médicos de fora, já que não acreditamos que todos sejam médicos, pelo menos no que entendemos que tenha a formação do médico brasileiro, para atender à população”, disse, se referindo ao programa Mais Médicos, do Governo Federal. “São profissionais que vêm de fora e que não sabemos qual a qualificação. Eles não se submetem ao Revalida, que é o instrumento que o Brasil dispõem para saber se os médicos formados no exterior, quer seja brasileiro ou não, tem a condição exigida ou não para atender à população”, frisou.
A Femam é formada pelos sindicatos médicos dos estados do Pará, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima e atuam na defesa da saúde pública de qualidade e na melhoria das condições de trabalho dos médicos. (R.R)
Falta de orçamento pode ser resolvida pelo ‘Saúde Mais 10’
O presidente da Confederação Médica da Amazônia (Femam), Wilson Machado, afirmou que as maiores reclamações feitas pelos secretários Municipal de Saúde de Boa Vista, Marcelo Lopes e o estadual em exercício, Douglas Teixeira, ouvidos em audiência realizada pela Femam, foram relacionadas a falta de orçamento. Ele destaca ainda que o Governo Federal não contribui com a parte de 10% prevista na Constituição e que isso pode ser resolvido com aprovação do Projeto de Lei Saúde Mais 10.
“Segundo os dois secretários, o orçamento que chega do Governo Federal é insuficiente e já esgotaram o orçamento do Estado, que é de 12% e do Município já teria extrapolado o limite de 15%”, frisou.
Machado, apesar de extrapolar o orçamento previsto, os secretários disseram que não conseguem financiar o adequadamente a Saúde devido ao Governo Federal fazer repasse inferior ao que está previsto na Constituição, que é de 10%.           “Estes 10% está num Projeto de Lei de Iniciativa Popular, chamado de ‘Saúde Mais 10’ para tentar obrigar o Governo a contribuir com a melhoria na qualidade de atendimento a Saúde em todo país com os 10% que já está previsto na Constituição, mas que o Governo só repassa a metade disso”, afirmou.
O presidente da Femam afirmou ainda que, aliado a falta de recursos, os secretários reclamaram ainda das dificuldades normais inerentes a região Norte, por se tratar de um local ampla e afastada dos grandes centros do país.   
“Além dessa dificuldade de logística da região Norte, existe um tratamento diferenciado e até com discriminação na hora de distribuir os recursos, e isso é um problema que temos que continuar lutando, para que possam nos ver com os mesmos olhos que veem o Sul do país”, frisou. (R.R)