Cotidiano

Faltam produtos de higienização no HGR

Falta de detergente enzimático, utilizado para higienizar instrumentos médicos, estaria ocorrendo há pelo menos duas semanas

Considerada a mais importante unidade médica do Estado, o Hospital Geral de Roraima (HGR) voltou a ser alvo de denúncias relacionadas à precariedade no atendimento de pacientes. Segundo um funcionário, há pelo menos duas semanas o hospital não dispõe de detergente enzimático, um produto utilizado para a limpeza de itens cirúrgicos.

“Desde a semana passada que esse produto está em falta no hospital. Quem lida com saúde sabe que manter a higiene é fundamental para a saúde não só dos pacientes, mas também da nossa. Sem esse detergente, os materiais não serão higienizados de forma adequada, aumentando assim os riscos de contaminação”, frisou um servidor.

Além do detergente, o funcionário disse que outros itens de uso médico estão em falta, como vasilhames. Segundo ele, a situação já foi levada ao conhecimento da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e da direção do hospital, mas que até o momento nada foi feito.

“Sem tal procedimento, o hospital para, principalmente o grande trauma e o centro cirúrgico. A meu ver, falta uma gestão adequada na rede hospitalar do Estado, que se sensibilize com o apelo dos funcionários e de suas reivindicações. Muitos funcionários do hospital não podem nem sequer fazer uma denúncia, que logo são perseguidos. Precisamos que a secretaria nos dê a merecida atenção, pois estamos falando da saúde de pessoas”, destacou.

Itens de proteção pessoal também estão em falta

Membro do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindiprer), Roberto Moraes, disse à Folha que até mesmo itens de proteção pessoal estão em falta no Hospital Geral de Roraima (HGR). Segundo ele, o problema é tão grave que a quantidade disponível atualmente estaria sendo fracionada para não comprometer os serviços.

“A quantidade disponível atualmente não está suprindo a necessidade dos profissionais de lá. A Sesau informou que até o dia 30 de março resolvia esse déficit de material. Porém, o problema ainda persiste. Hoje, os trabalhadores já estão no limite, desempenhando as suas atividades no improviso, uma vez que o setor responsável pelo repasse desses itens está regrando esse quantitativo e isso não dá solução à demanda existente no HGR”, afirmou.

Quando esteve à frente do Sindiprer, Moraes ficou liderou a greve geral dos servidores da enfermagem, ocorrida no ano passado. O movimento também teve a adesão dos profissionais em radiologia, que prestam servidos a várias unidades de saúde do Estado, entre elas o HGR.

Em comum acordo, o governo se comprometeu a atender de forma gradual as pautas de reivindicação dos profissionais, que vão desde a melhoria nas condições de trabalho até a questão do pagamento de gratificações. No entanto, um dos itens encerra no final do mês, e caso não haja acertos, a categoria poderá voltar a deflagrar paralisações de advertência.

“Não estou mais como presidente, mas continuo como membro da diretoria do sindicato e da cúpula de decisões. Este mês encerra o prazo de uma das negociações acerca da gratificação de 12% a todos os profissionais da saúde. Se o Governo não cumprir com o que foi acordado, iremos convocar assembleia para deliberação de medidas a serem adotadas”, salientou.

SESAU – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) afirmou que os problemas relacionados à falta de detergente enzimático já foi resolvida. Conforme a secretaria, o produto ficou em falta por algumas horas, o que não comprometeu o atendimento do HGR.  

“A Sesau esclarece ainda que assim que foi percebida a falta na unidade, a direção solicitou o produto e o reabastecimento foi realizado no mesmo dia. A falta temporária não acarretou em nenhum dano ao funcionamento do hospital” explicou. Sobre a falta de outros itens, a secretaria não se pronunciou. (M.L)

CRM alerta pacientes para que tenham atenção em prontuários

No início dessa semana, a Folha noticiou o caso de Arisvaldo Medrado de Araújo, morador do Assentamento Rural Tatajuba, no Município do Cantá, região Centro-Leste do Estado. O paciente deu entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR) no dia 29 de março, após fraturar o tornozelo, e acabou sendo confundido com outro paciente, vítima de picada de cobra.

Erros como o que aconteceu com o produtor rural, por mais inusitados que sejam, são mais comuns do que se pensam. No entanto, conforme a vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima, Rosa Leal, nem todos os casos são notificados aos órgãos competentes.

“Aqui, no CRM, por exemplo, nós não temos recebido demandas relacionadas a erros de prontuários. Geralmente, essa é uma questão que cabe mais ao profissional que fez as anotações, como um enfermeiro ou um técnico da área, do que o médico. Nesses casos, a apuração pode até recair ao nosso conselho, mas por se tratar de prontuário, o paciente ou o familiar pode levar essa queixa à direção do hospital ou a órgãos que norteiam a profissão de enfermagem”, disse.

A médica explica que é comum para uma pessoa leiga atribuir funções de médico para toda a equipe de profissionais de um hospital. No entanto, existem situações a serem observadas. “Erro médico são todas as falhas envolvendo o profissional da medicina. Sou designada para fazer uma cirurgia e não tenho conhecimento da situação, e acabo causando uma lesão no paciente, ou esqueço uma pinça dentro desse paciente. Isso é um erro médico”, disse

“Existem também as falhas que são inerentes ao procedimento dos profissionais que atuam na medicina. Vamos dizer, por exemplo, que o médico foi designado para fazer uma cirurgia cesariana e houve uma ruptura de bexiga. Isso é classificado como situação inerente. Ou seja, pode ocorrer no procedimento e isso não é erro médico. Por mais que o cirurgião se cerque de cuidados, é algo que pode ocorrer”, frisou.

Para Rosa, é importante que os profissionais estejam atentos às informações descritas nos prontuários, realizando sempre um ‘check-list’ da situação do paciente. Da mesma maneira o paciente, que em caso de informação não procedente, deve comunicar ao profissional sobre o problema.

 “Ao visitar o paciente, o médico deve fazer as perguntas de rotina. Ou seja, que tenha uma conversa com o paciente sempre que necessário e o próprio paciente tem que ter essa atitude de verificar se realmente o tratamento que está sendo ofertado é para o seu caso. É um problema muito comum esse tipo de equívoco, mas é indispensável que essas partes estabeleçam contato de confiança, para não causar problemas”, salientou.

OUVIDORIA CRM – Para ter acesso às informações de como funcionam as ações da ouvidoria do CRM-RR, o interessado poderá se dirigir à sede do órgão, que fica localizada na Avenida Ville Roy, 4123, bairro Canarinho, zona Leste. Há também o telefone 3623-1542.

“Nós estamos de portas abertas para a população que tenha algum tipo de reclamação envolvendo problemas ou negligências do sistema de saúde. Essa pessoa procura o nosso setor de protocolo, formaliza a denúncia, informando o tipo de problema. Essa denúncia é encaminhada para o presidente, que analisa a possibilidade de abertura de sindicância. Aberta essa sindicância, a equipe do CRM vai investigar os fatos e, caso encontrada ‘falha ética’, é aberto um processo, que vai a julgamento, podendo o médico ser penalizado”, concluiu Rosa. (M.L)