Ainda como reflexo da greve dos professores, que ocorreu no ano passado, a maioria das escolas públicas está cumprindo quatro calendários diferentes para o ano letivo de 2016, o que as obrigou a ministrar aulas aos sábados. No entanto, mais da metade dos alunos não está comparecendo às aulas nos dias de reposição escolar.
O Governo de Roraima informou à Folha que as escolas da rede estadual de ensino estão cumprindo o calendário proposto. “Já em relação aos alunos faltosos, os gestores das unidades fazem uma lista com o nome deles e notificam o Departamento de Educação Básica da Secretaria de Educação (Seed). A lista é entregue para o Conselho Tutelar, que é o órgão responsável por tomar as medidas cabíveis”, diz a nota. A Folha questionou o governo sobre o número de falta dos alunos. No entanto, não houve resposta.
Uma professora da Escola Estadual Lobo D’Almada, no Centro, confirmou que a maioria dos alunos não está indo às aulas de sábado. “Os docentes têm que juntar turmas para lecionar, pois mais da metade dos alunos não comparecem às aulas. É uma situação que está acontecendo em muitas instituições”, frisou.
Segundo ela, a ausência dos estudantes aos sábados é influenciada pelo transporte público. “Nos fins de semana, a frota de ônibus diminui e o serviço de táxi-lotação funciona só até as 14h, o que acaba dificultando a presença dos alunos. Inclusive, o índice de presença deles é maior durante o turno matutino”, destacou.
A estudante Gabriele Abrantes, que cursa o 1º ano na Escola Estadual América Sarmento Ribeiro, no bairro Pintolândia, zona Oeste, confirmou que apenas a metade dos alunos está comparecendo às aulas nos fins de semana. “Os professores estão lecionando normalmente. Mas, pelo que vejo, acredito que apenas 50% dos alunos vão às aulas”, afirmou Gabriele.
Na Escola Mário David Andreazza, os alunos também afirmaram que a ausência é grande. Em uma das turmas, dos 30 alunos que estudam na mesma sala, apenas 15 compareceram na manhã de sábado.
CONSELHO TUTELAR – O conselheiro tutelar Franco Rocha disse que a entidade está acompanhando o problema da falta de alunos. “A partir do momento em que a escola recorre ao Conselho Tutelar, nós notificamos a família. Alguns pais não estão fazendo o acompanhamento dos filhos nas aulas de sábado. Por isso eles estão sendo responsabilizados”, frisou.
Inicialmente, é feita uma advertência verbal, explicando o direito das crianças de estarem na escola e também sobre o compromisso dos pais em acompanhar o processo de ensino aprendizagem dos filhos. “Se houver reincidência, será feita uma advertência por escrita. Se permanecer, a gente representa judicialmente por negligência à educação dos filhos”, frisou.
Rocha disse que a fase em que a criança ou adolescente está em sala de aula é um momento decisivo, seja na vida pessoal, profissional ou como cidadão. “Por isso é importante e fundamental que os pais monitorem atentamente a vida escolar dos filhos”, disse. (B.B)