Cotidiano

Família aproveita potencial de frutas regionais e cria indústria de polpas

Indústria que faz o processamento de frutas frescas, e que são transformadas em polpas de frutas, atende a todo o mercado local

Beneficiar frutas tropicais da região, como acerola, caju, manga e goiaba, virou, para uma família que veio do interior do Piauí, mais que uma fonte de subsistência. O processamento de frutas frescas, que são transformadas em polpas de frutas, passou a ser encarado como um negócio rentável e lucrativo.

Foi dessa combinação, aliada à visão empreendedora, que surgiu a “Polpa de Frutas Passarinho”. A indústria de processamento de frutas da família Mouta, que se mudou para Roraima há mais de 30 anos, hoje funciona na Rua Vicente Mouta, no bairro Nova Cidade, zona Oeste de Boa Vista.

Mas tudo começou lá atrás, em 1982, quando o empresário Vicente Mouta deixou o Piauí e foi para Manaus, no Amazonas, e de lá veio para Boa Vista. Na Capital roraimense, observou que havia carência de alguns produtos de culinária nos mercados.

Foi então que ele passou a importar do Estado vizinho alguns tipos de frutas, entre outros produtos, e os revendia aos comerciantes na antiga feira do bairro São Francisco. Mas, na época do inverno, era comum a chuva interditar a BR-174, que nem ainda sequer era asfaltada, o que fazia com que os produtos ficassem encalhados e perdessem validade.

“Em uma dessas viagens, ele vinha trazendo grande carregamento de cupuaçu, mas demorou muito a chegar por causa da estrada ruim e os compradores não quiseram mais o produto. Foi então que juntamos toda a família e fomos despolpar a fruta, onde embalamos em saquinhos plásticos e começamos a entregar”, disse uma das filhas e sócia no negócio, Miriam Mouta.

A ideia em despolpar as frutas e vender de forma artesanal acabou dando certo. E, para dar conta de tantos pedidos, a família toda começou a se reunir em torno de uma mesa e passavam a extrair manualmente a polpa do cupuaçu. Muitas vezes o serviço estendia-se até a noite.

“Foi na dificuldade em trazer o cupuaçu de Manaus que iniciamos com a polpa de fruta para não perder o produto. Entregávamos nos supermercados, em sacolas plásticas mesmo. Na época não havia problema em vender daquela forma, porque não tinha tanta exigência”, lembrou.

PRIMEIRA FÁBRICA- A mesa da família Mouta já não suportava mais o crescimento da demanda de polpas de frutas em Roraima. O passo seguinte foi inaugurar a primeira fábrica de processamento de frutas, que funcionava no cruzamento das Avenidas Imigrantes e Manoel Felipe, no bairro Buritis, zona Oeste de Boa Vista.

“Era uma empresa familiar construída na área do lado da casa da minha mãe. Ficamos lá por muitos anos, até que os órgãos reguladores nos pediram para sair porque ali era para funcionar uma fábrica de bebidas”, lembrou Miriam. (L.G.C)

De empresa familiar à referência no mercado de polpa de frutas

Após o falecimento do pai, Vicente Mouta, em 2011, os seis filhos, Míriam Mouta Rodrigues, Vicente Mouta Rodrigues Júnior, Júlio Cesar Mouta Rodrigues, Diana Mouta Rodrigues, Luciana Mouta Rodrigues e Suzana Mouta Rodrigues de Lemos decidiram se unir e investir na abertura de uma indústria de processamento de frutas.

A microempresa familiar tornou-se hoje em conceituada empresa que põe no mercado polpas de frutas de ótima qualidade. A principal continua sendo a do cupuaçu, mas também vende polpas das mais variadas frutas: taperebá (cajá), tamarindo, acerola, murici, goiaba, manga, graviola, maracujá, entre outras.

A fábrica produz, diariamente, cerca de 300 quilos de polpas de cada fruta. “Não temos todas as matérias primas, que são as frutas, o ano inteiro em Roraima. Por isso pedimos algumas de fora também. “Vendemos hoje para supermercados e para o consumidor final, que compra nossos produtos diretamente da fábrica. Abastecemos cerca de 25 mercados na Capital, além de donos de lanches e restaurantes, que compram diretamente com a gente”, destacou Miriam.

Segundo ela, nem mesmo a falta de incentivo financeiro impediu a expansão do negócio. “Não é nada fácil ter que fazer uma coisa pelo próprio bolso. A gente trabalha fazendo as coisas aos poucos. Temos a fábrica, mas ainda não temos máquinas de alta tecnologia. Em compensação a nossa engenheira de alimentos fica responsável pela qualidade da fruta e manipulação”, ressaltou.

Para os próximos anos, a empresária pensa em expandir o empreendimento e exportar as polpas de frutas para outros Estados e até países. “Lógico que queremos expandir. Daqui dois anos queremos começar a mandar para outros Estados e, quem sabe, para a Venezuela e a República Cooperativista da Guiana”, frisou.

Mas, sem a visão empreendedora do pai, Miriam reconheceu que nada do que foi construído pela família teria dado certo. “Se meu pai não tivesse tido a visão de vim para Roraima, ainda mais naquele tempo onde tudo era mais difícil, não teríamos construído nem montado essa estrutura. Roraima é o futuro e só tenho a agradecer a esse Estado que nos acolheu muito bem”, pontuou. (L.G.C)

Consumo de polpas trás diversos benefícios à saúde

O processamento de frutas propicia sua comercialização na forma de polpa congelada, a qual, além da praticidade para o consumidor, preserva as características químicas e organolépticas da fruta fresca, praticamente inalteradas.

As polpas de frutas congeladas, por exemplo, conseguem manter suas propriedades, os seus sabores e texturas quando estão no refrigerador. Elas são tão poderosas para a saúde quanto às versões naturais dos mesmos alimentos, pois o processo de armazenamento, quando feito corretamente, mantém as propriedades intactas e frescas para consumo.

Versáteis, as polpas podem servir de diversas maneiras, como sucos integrais, mousses, sorvetes e até saborosas geleias, incluindo sempre elementos essenciais para o bom funcionamento do organismo. (L.G.C)