Cotidiano

Família cobra fim da apuração do caso

Parentes do garoto que morreu de raiva humana denunciaram que houve erro médico durante atendimento quando ele foi infectado

Familiares do adolescente de 14 anos que faleceu em maio vítima de raiva humana cobra do Governo de Roraima celeridade no processo que vai apontar se houve ou não negligência médica durante o atendimento ao garoto na Clínica Cosme e Silva, no bairro Pintolândia, zona Oeste. Segundo eles, o Estado informou que o caso seria resolvido em 30 dias após a abertura do processo. No entanto, a informação repassada à família é que eles devem aguardar um novo prazo.

A mãe da vítima, Sebastiana Santana, disse que a família começou a mobilizar-se esta semana para buscar uma resposta. “Na segunda-feira, dia 4, fomos até a Secretaria Estadual de Saúde [Sesau] saber sobre o processo e nos informaram que o ofício estava lá, mas que era preciso ir até a Secretaria Estadual de Gestão Estratégica e Administração [Segad] para ver se já estava pronto”, disse.

Segundo ela, na Segad, solicitaram o número do processo e do ofício. “Esses dados deveriam ter sido enviados pela Sesau. Mas nós fizemos o trabalho por eles. Para nós, isso significa que o processo estava totalmente parado. É uma situação inadmissível!”, protestou.

Sebastiana informou ainda que o Estado havia dado um prazo de 30 dias para a conclusão do trâmite. “No entanto, já se passou um mês e só agora, após repassarmos as informações necessárias à Segad, é que o processo vai continuar. Inclusive, entramos em contato com a sindicância, aberta pelo Governo do Estado, que já deveria ter resolvido o caso, mas eles também não têm uma resposta concreta”.

A mãe da vítima fez um apelo ao poder público. “Pedimos ao governo que dê celeridade a este caso, pois, assim como nós, outros cidadãos podem sofrer por conta do atendimento inadequado da saúde”, destacou.

O CASO – Os familiares disseram que a morte do garoto foi causada por negligência médica na Policlínica Cosme e Silva no dia em que ele foi infectado ao ser mordido por um gato. Segundo eles, o profissional demorou a prestar atendimento e prescreveu apenas uma vacina antitetânica e dipirona, confirmado pelo prontuário obtido com exclusividade pela Folha.

O garoto foi levado para a unidade após ter sido mordido no dedo de uma das mãos por um filhote de gato, no dia 8 de abril. A Folha teve acesso ao prontuário do paciente, onde consta que ele chegou à unidade apresentando febre de 38,5º graus, além da prescrição de medicamentos contra febre e uma dose da vacina contra tétano.

Na ocasião, o irmão da vítima, Samuel Santana, disse que a família não foi procurada para ser informada sobre a necessidade de imunizar a criança contra a raiva. “Ninguém veio falar comigo. Não prestaram nenhum tipo de solidariedade, não ligaram para informar que o caso era grave e não vacinaram os familiares. Eles tinham que ter dado uma explicação, mas simplesmente disseram que meu irmão havia falecido e pronto”, afirmou.

GOVERNO – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que o procedimento para apurar o caso, numa investigação preliminar, está em andamento. “Todos os trâmites previstos em lei estão sendo seguidos e serão concluídos no prazo legal”, informou. (B.B)