Cotidiano

Família de PM roraimense morto em favela do Rio passa por dificuldades

Parentes do policial militar Hélio Vieira, assassinado durante as Olimpíadas do Rio, não receberam pensão ou indenização

No dia 10 de agosto de 2016, o soldado Hélio Vieira Andrade, da Polícia Militar de Roraima, foi vítima de um ataque criminoso e morreu após levar um tiro de fuzil na cabeça enquanto dirigia uma viatura da Força Nacional de Segurança pela Avenida Brasil, que circunda o complexo da Maré, composto por uma série de favelas e localizado na zona Norte da Capital do Rio de Janeiro.

O policial trabalhava no reforço da segurança nas Olimpíadas do Rio. Um ano depois de sua morte, a família passa por dificuldades. Era Hélio quem ajudava no sustento da casa onde foi criado com os oito irmãos. Parentes afirmaram que a mãe do soldado ainda não recebeu a pensão ou indenização às quais tem direito.

Dias após o ocorrido, o Governo do Estado fez a promoção ‘post mortem’ do soldado para o posto de cabo. Por lei, a família teria direito a uma pensão mensal no valor de R$ 4 mil, mas, segundo um cunhado de Hélio, nem o último salário e nem o dinheiro que o policial mantinha em conta bancária foi sacado.

“Sabe quantas vezes os Direitos Humanos foram na casa da família? Nunca! A polícia já pegou os vagabundos que ceifaram a vida dele? Nunca! É uma vergonha o que fizeram, deixando a família sem amparo nenhum”, escreveu o parente em uma carta que circulou pelas redes sociais.

A Folha conversou com um dos irmãos do soldado, o forrador Marcos Vieira Andrade. Ele confirmou que a família não recebeu nada após a morte do irmão, mesmo com a promessa do Governo do Estado em auxiliar a situação. “Temos direito à pensão e indenização. A governadora disse que iríamos receber em pouco tempo, mas até agora nada. O dinheiro que está na conta dele e nem o último salário pudemos sacar”, frisou.

Por ter ocorrido durante os Jogos Olímpicos, a morte do soldado da Força Nacional teve grande repercussão. “Deveria o governo olhar com mais carinho para a nossa família e outras que estão passando pela mesma situação, pelos direitos da pessoa que morreu”, criticou.

Segundo o irmão, é a mãe de Hélio quem tem sido mais afetada com toda a situação. Ela tem sofrido com problemas cardíacos e, mesmo após um ano da morte do filho, segue abalada física e emocionalmente. Sem dinheiro para fazer exames ou comprar medicamentos, os familiares não sabem mais a que recorrer.

“O governo disse que não podia fazer nada, apenas esperar os trâmites da Justiça. Mas quando ele morreu e foi promovido, disseram que rapidamente a família receberia a pensão, mais o dinheiro que ele tinha no banco e a indenização, o que não ocorreu”, lamentou.

INDENIZAÇÃO – Uma proposta foi aprovada pela Comissão do Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados que assegura aos dependentes de bombeiros e policiais militares e civis, mortos no cumprimento do dever, o recebimento de uma indenização correspondente a 12 vezes a última remuneração do servidor.

O texto, aprovado no ano passado, é o substitutivo ao Projeto de Lei 4140/12 e altera o Decreto-lei 667/69, que fixa normas sobre a organização de polícias militares e o corpo de bombeiros estadual. A indenização deve ser paga quando o militar morrer em decorrência da sua função, mesmo que esteja de folga.

PM – A Polícia Militar de Roraima informou, por meio de nota, que na época em que o soldado Hélio Vieira Andrade faleceu, foi feito um levantamento onde foi constatado que ele não possuía dependentes declarados, nem mesmo junto ao Instituto de Previdência de Roraima (Iper). Ressaltou que o Comando da PM está buscando contato com a família para dar todo apoio necessário para a solução desses entraves burocráticos. (L.G.C)