A família de venezuelanos que morreu no acidente aéreo da Voepass, ocorrido no dia 9 de agosto, em Vinhedo, São Paulo, estava a caminho de Roraima. Os peritos papiloscopistas da Polícia Civil de Roraima (PCRR), lotados no Instituto de Identificação Odílio Cruz, participaram da identificação das três vítimas, que estavam entre as 62 pessoas que perderam a vida na tragédia.
As vítimas, identificadas como Josgleidys de Jesus Gonzalez Parra, 26, sua mãe Maria Gladys Parra Holguin, 67, e seu filho Joslan Andrés Perez Gonzalez, 4, foram confirmadas como venezuelanas após um trabalho conjunto entre os peritos de Roraima e os do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt de São Paulo.
Os especialistas em identificação humana por impressões digitais da PCRR foram acionados logo após a remoção dos corpos e realizaram pesquisas nos bancos de dados civis e criminais. Embora não tenham encontrado registros nos bancos estaduais, o sistema Infobio da Polícia Federal confirmou a existência dos dados biométricos dos passageiros, permitindo a confirmação de suas identidades.
De acordo com a perita Franciana de Brito, o trabalho de identificação permitiu com que que a família das vítimas fossem informadas e pudessem proceder com as despedidas. “Todo o trabalho durou cinco minutos. Graças à rápida e eficiente atuação dos peritos papiloscopistas de Roraima, tanto do Estado quanto da Polícia Federal, as famílias das vítimas puderam ser informadas e tiveram a possibilidade de se despedir de seus entes queridos”, concluiu.
História contada por uma amiga da família
Thaiza Evangelista, amiga de Josgleidys Gonzalez, compartilhou nas redes sociais a trajetória da família. Ela relatou que Josgleidys, seu filho Joslan, de 4 anos, e sua mãe, Maria Parra, se mudaram para o Brasil “em busca de um futuro melhor”. Eles viviam em Cascavel (PR), de onde o voo partiu.
A viagem para Guarulhos (SP) era a primeira etapa de um plano para voltar à Venezuela, onde pretendiam obter os documentos de Joslan, que nasceu no país vizinho mas veio ao Brasil ainda pequeno. Depois disso, planejavam seguir para a Colômbia, devido ao alto custo de vida no Brasil.
Na véspera da viagem, Josgleidys foi vítima de um golpe na internet, perdendo todos os recursos que havia acumulado após meses de trabalho como caixa em um supermercado, cerca de R$ 3.000. Isso deixou a família sem dinheiro para comprar alimentos para a última semana no Brasil. Diante da situação, Thaiza e os vizinhos se uniram para ajudar, arrecadando dinheiro suficiente para que a família comprasse comida até o dia da viagem.
Cachorra Luna viajava com a família e também morreu no acidente
Luna, a cachorra de seis meses da família, também estava no voo e morreu junto com seus donos. A decisão de levá-la na viagem foi motivada pelo desejo da família de não deixá-la para trás.
Para possibilitar a viagem de Luna, houve uma mobilização entre os moradores e profissionais da cidade. As clínicas veterinárias reduziram os custos das vacinas e emitiram o atestado necessário para a viagem sem custo, permitindo que Luna acompanhasse a família no voo.