Família denuncia péssimas condições de caixão fornecido por auxílio-funeral

Setrabes informou que empresa contratada para a prestação dos serviços será notificada administrativamente sobre o ocorrido e serão adotadas as medidas necessárias

O caixão estava em condições precárias (Foto: Divulgação)
O caixão estava em condições precárias (Foto: Divulgação)

Familiares do mototaxista Alisson da Silva Freira, de 27 anos, entraram em contato com a reportagem da Folha BV para denunciar que o caixão fornecido pelo auxílio-funeral do Governo do Estado estava em péssimas condições. Os serviços são prestados por uma funerária de Boa Vista. Alisson morreu na madrugada desse domingo (16), vítima de acidente de trânsito.

Conforme o tio da vítima, Cleison da Silva, de 34 anos, o caixão chegou sujo, rachado, empoeirado e com cupim. Além disso, Alisson estava dentro da urna com o pescoço torto, com os braços ao lado do corpo e com os pés e mãos sujos. Inclusive, a etiqueta de identificação que é colocada no Instituto Médico Legal (IML) não foi retirada.

“O caixão estava precário, todo velho. Parece que pegaram o primeiro que acharam. A impressão que temos é que do jeito que ele veio do IML, só colocaram no caixão de qualquer jeito. Ele está sujo, parece que só passaram um pano úmido para limpar ele. Eu tentei entrelaçar as mãos dele, mas não consegui porque já estava rígido. Ele tá sangrando, nós que colocamos o algodão no ouvido para conter o sangue. Além disso, o corpo já está ficando com um certo odor”, comentou Cleison.

O tio de Alisson continuou: “Quando o caixão chegou e vimos como estava, nós nos sentimos constrangidos. Nenhum ser humano merece passar pelo o que estamos passando”, disse.

Ana Carolina Freire, de 23 anos, irmã de Alisson, contou que quando o corpo chegou para o velório, por volta das 20h30 de domingo, apenas o motorista da funerária foi quem deixou o corpo.

“Quando vieram entregar o corpo, apenas o motorista que veio. Imagina se tivesse só eu e minha mãe aqui, como íamos carregar o caixão com ele dentro? A Setrabes [Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social[ fez tudo certinho, o problema foi a funerária que não prestou a serviço direito”, disse a jovem.

Depois que a família gravou vídeos e publicou nas redes sociais, a funerária foi até o local e fez a troca do caixão, o que demorou cerca de 30 minutos. Fiscais da Setrabes também estiveram junto à família.

“Enquanto o velório estava acontecendo, eles vieram aqui e trocaram por um caixão novo. Ouvi eles comentando que a nova urna é emprestada e não é a mesma ofertada pelo serviço do Governo. Durante a troca, foi mais um sofrimento e transtorno para a nossa família”, ressaltou Ana Carolina.

Outra questão apontada por Ana é que, após a troca da urna, as mãos de Alisson foram costuradas com um barbante. Além disso, segundo ela, a cabeça do irmão foi costurada com um arame. “Depois que fizeram a troca do caixão, as mãos dele foram costuradas com barbante para ficarem juntas. Outra coisa que notamos é que a cabeça dele foi costurada tipo com arame recozido. Uma total falta de respeito e empatia”, disse.

A família pediu, ainda, para que haja mais fiscalização por parte do Setrabes em casos como esse. “É importante que o culpado arque com a responsabilidade, para que o Setrabes reveja essa funerária e fiscalize para onde está indo o dinheiro gasto”, finalizou.

Por meio de nota, a pasta informou que teve ciência da situação relatada pela família do mototaxista. Uma equipe de servidores prestou o devido acolhimento e escuta aos familiares, acionando de imediato a empresa responsável pela prestação do serviço funerário.

“A Setrabes informa ainda que o ocorrido foi pontual e que o serviço contratado não corresponde ao atendimento que é oferecido às famílias. No mesmo momento, foi solicitada a imediata substituição da urna funerária. A empresa contratada para a prestação dos serviços será notificada administrativamente sobre o ocorrido e serão adotadas as medidas necessárias”, disse a secretaria, em nota.

(Vídeo: arquivo)