Perder um ente querido é difícil, ainda mais de forma inesperada como em um atropelamento. Mesmo vivendo o luto e a dor da perda, a família de Acer do Nascimento Pereira, de 37 anos, decidiu salvar quatro vidas. Isso porque doaram os órgãos para pessoas que aguardam na fila de transplante.
O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) chegou para captar os dois rins e o fígado saiu de Boa Vista durante a madrugada dessa sexta-feira, 11. Os destinos foram Bahia e Distrito Federal. O fígado foi divido em duas partes e por isso, quatro pessoas serão salvas.
De acordo com o irmão de Acer, Anselmo Gomes, de 22 anos, a iniciativa surgiu em consenso com a família para ajudar quem precisa. “Essa foi uma forma de consolar o sofrimento e para que a morte dele não tenha sido em vão. Parte do meu irmão vai está viva em alguém”, destacou.
Acer foi atropelado no último dia 5 deste mês enquanto atravessa uma rua, no município de Rorainópolis. Por conta dos ferimentos, foi transferido para o Hospital Geral (HGR), em Boa Vista, onde passou por cirurgia. A morte encefálica foi confirmada no dia 9. Devido os trâmites da doação, os órgãos foram captados nessa sexta-feira.
No dia 4 de novembro foi o aniversário de Acer, que deixou uma esposa e uma filha de 4 anos de idade. O sepultamento ocorre na tarde deste sábado, 12.
Quais os requisitos para um falecido ser considerado doador
Ter identificação e registro hospitalar;
Ter a causa do coma estabelecida e conhecida;
Não apresentar hipotermia, hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do sistema nervoso central;
Passar por dois exames clínicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Os exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante;
Ser submetido a exame complementar que demonstre morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral;
Estar comprovada a morte encefálica. Situação bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas.
Após diagnosticada a morte encefálica, o médico do paciente, da unidade de terapia intensiva ou da equipe de captação de órgãos, deve informar, de forma clara e objetiva, que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplantes.