Cotidiano

Família e amigos na superação ao câncer

Professora aposentada foi ao fundo do poço, mas conseguiu forças para vencer uma das doenças que mais mata mulheres no País

Quem olha o lindo sorrido de dona Cecília Bríglia, 50, não imagina que até pouco tempo ela passou por um drama que mudou radicalmente a sua vida. Professora federal aposentada, ela tinha uma rotina como a de qualquer mulher, até ser diagnosticada com o câncer de mama, doença que a cada ano é responsável por ceifar a vida de três entre dez mulheres no País.

“O diagnóstico de uma doença grave nunca é recebido de forma leve. E a minha trajetória começou em 2013, quando uma simples fisgada no meu braço direito fez que eu procurasse um médico. Quando ele confirmou que se tratava de um câncer de mama, eu me desesperei. Chorei durante uma semana e não queria falar com ninguém, até mesmo com minha família. Era um momento em que precisava entender o que se passava e até mesmo aceitar a doença. Foi desolador, mas, com muita fé e determinação, levantei a cabeça e fui em busca do tratamento”, relembrou.

Com o diagnóstico confirmado, Cecília buscou de imediato o tratamento, encontrando ajuda na cidade de João Pessoa, na Paraíba. De alguma maneira, o tratamento mexeu com toda a rotina da família, que passou a acompanhá-la em todas as sessões médicas.

 “Comecei o tratamento em abril do mesmo ano, com as sessões de quimioterapia. Por incrível que pareça, fui privilegiada com o fato de não sofrer tanto com os efeitos colaterais. O cansaço era o único incômodo que sentia nas primeiras semanas, mas isso foi amenizado com o apoio do meu esposo, Paulo Robstan, minhas filhas, Larissa e Lissandra, e a minha mãe/irmã, Mirian, que estiveram me acompanhando em todas as sessões”, disse.

Segundo ela, foram 16 sessões de quimioterapia e 25 de radioterapia, além dos procedimentos cirúrgicos de retirada e reconstrução da mama, totalizando um período de dois anos. “Eu sou assumidamente muito vaidosa, porém, após a primeira sessão de quimioterapia, a ficha foi caindo juntamente com meus cabelos mechados. Depois de 14 dias, minha cabeça estava totalmente lisa, sem um fio de cabelo, consequentemente minha autoestima ficou lá em baixo. No mesmo dia que fiquei careca, meu esposo raspou a cabeça para que eu não me sentisse a única careca de casa. Ele foi meu enfermeiro, diarista, companheiro e, acima de tudo, meu namorado”, afirmou.

Durante esse período, amigos da família se mobilizaram nas redes sociais para incentivá-la a seguir firme no tratamento, surgindo, assim, a campanha “Força Cecília”. A campanha acabou surpreendendo-a e ela acabou ganhando mais um motivo para continuar acreditando na superação da doença.

“Minhas filhas planejaram uma campanha em busca de mobilizar amigos e familiares para postarem fotos com lenços na cabeça com mensagens positivas e orações na legenda. Em poucos dias, a campanha tomou uma proporção inesperada, atraindo até pessoas desconhecidas, de outros estados, e, por incrível que pareça, de outros países! Com a campanha, eu me fortaleci. Não queria decepcionar meus seguidores nas redes sociais e segui minha luta contra essa doença que amedronta tanto”, frisou.

Depois da cura, rotina no médico ajuda a manter saúde sob controle

Curada do câncer, a professora aposentada Cecília Bríglia leva, atualmente, uma rotina oposta ao que vivia no passado. Além das mudanças alimentares, as consultas médicas se tornaram cada vez mais frequentes. Uma preocupação que, segundo ela, tem sido agradável.

“De três em três meses, realizo os exames de rotina com meus médicos de João Pessoa e, graças a Deus, nunca houve reincidência da doença. Minha família é meu maior tesouro. Não tenho palavras para expressar meu sentimento de gratidão e alegria. O apoio da família e dos amigos foi fundamental para que eu superasse a doença”, pontuou.

Cecília aproveita para deixar um recado para as mulheres roraimenses que passam pelo drama do câncer. Para ela, a fé e a persistência são peças chaves para a superação da doença. “Quando acreditamos com firmeza em nossa cura, ela se torna real dentro de nós mesmos. Eu tiro isso por mim. Não é algo fácil de lidar, mas não é impossível de superar. Minha vida é uma dádiva que me foi concedida, por isso, quero utilizá-la fazendo o bem ao maior número de pessoas possível”, disse.

“Eu acredito verdadeiramente que a fé me tornou mais forte, por isso estou aqui para contar minha história. A minha mensagem é para que todas as mulheres aproveitem esse período da campanha Outubro Rosa para que busquem se cuidar, para que não sejam vítimas dessa doença”, aconselhou. (M.L)