Familiares afirmam que negligência teria resultado em morte de idosa no HGR

Em nota, a Sesau informou que denúncia de paciente ou acompanhantes deve ser imediatamente registrada na Direção Geral ou na Ouvidoria do hospital

Gracilene filha de Francisca durante entrevista à FolhaBV (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Gracilene filha de Francisca durante entrevista à FolhaBV (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Familiares de Francisca Maria do Nascimento Silva, de 66 anos, denunciam que houve negligencia no atendimento prestado à idosa no Hospital Geral de Roraima (HGR) após ela sofrer um acidente de trânsito e por conta disso, teria ido a óbito na unidade. Francisca deu entrada na unidade na tarde de segunda-feira, 23, e faleceu na manhã de terça-feira, 24, após a moto em que estava colidir em um caminhão do Exército Brasileiro.

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Francisca não resistiu aos ferimentos e foi a óbito horas depois do acidente (Foto: Divulgação)

A filha dela, Gracilene Franco de Souza, de 44 anos, relatou que a mãe estava reclamando de fortes dores na região do abdômen e não foi solicitado nenhum exame de imagem.

Ainda conforme Gracilene, além de não terem solicitado exames de imagem, não foi aplicado soro e medicamento em Francisca. A idosa era hipertensa e diabética e a filha disse que chegou a questionar sobre a aplicação dos remédios para normalizar a glicose e pressão de Francisca.

“Minha mãe estava agonizando e reclamando de muita dor na região do abdômen, eu falei para eles aplicarem algum medicamento e falaram que era normal, trataram ela como caso leve e ela estava muito machucada. Em outro momento, eu falei que ela estava com a pressão e diabetes alta e pedi para aplicarem os remédios para regularizar e questionaram se eu tinha levado para o hospital. Como assim? Eles não deveriam ter lá esses remédios?”, questionou Gracilene.

Ela relatou que a mãe ficou em uma maca, em observação por horas. A denunciante contou, ainda, que depois de muita insistência foi realizada uma tomografia em Francisca.

A denunciante afirma que um médico ortopedista deveria ter ido verificar a situação de Francisca, mas ele não foi atender a paciente. Além disso, queriam liberar a idosa para casa mesmo não estando bem.

Quando ela começou a passar mal, foi encaminhada a RCP, que é a sala de reanimação, mas Gracilene afirma que a mãe já estava morta quando fizeram os procedimentos de reanimação.

“Vi a minha mãe morrer, quando levaram ela para a sala de reanimação, eu falei que ela já estava morte e que não adiantava mais. As últimas palavras dela foram “acabou”. Isso dói. Houve negligencia por parte da equipe que atendeu a minha mãe e por isso, ela está morta agora. São profissionais despreparados, sem experiência, não tem aquele cuidado e amor pelo próximo. O que percebemos é que estão exercendo a profissão por status. Você se sente um lixo ali dentro”, disse.

No momento do acidente, Francisca estava acompanhada do marido Luíz de 59 anos, que também reclamou do atendimento. Conforme ele, houve demora e falta de informação sobre o estado de saúde da mulher.

“Demoraram para me atender mesmo eu estando todo machucado. Não passaram exames para saber como eu estava por dentro e não passaram informações sobre o verdadeiro estado de saúde da minha mulher, só falavam que ela estava bem, mas ela não estava”, comentou.

Luíz estava pilotando a moto no momento do acidente (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A filha de Francisca informou que irá processar o Estado. “Não quero ganhar dinheiro em cima da morte da minha mãe, eu quero apenas justiça e que outras famílias não passem pelo o que nós estamos passando”, contou.

Luíz reforçou que “quer que as pessoas responsáveis pela negligência ao atendimento de Francisca sejam responsabilizadas”, enfatizou.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte foi choque hemorrágico, que é perca significativa de sangue, laceração hepática, fratura da pelve e politrauma.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), que informou que qualquer denúncia de paciente ou acompanhantes deve ser imediatamente registrada na Direção Geral ou na Ouvidoria do Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento para serem adotadas as medidas administrativas.

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