Parentes de presos da Cadeia Pública Masculina de Boa Vista (CPMBV), situada no bairro São Vicente, realizaram na manhã desta sexta-feira, dia 12, uma manifestação em frente à sede da Secretária de Justiça e Cidadania (Sejuc), em razão da transferência de mais de 500 detentos daquela unidade para as novas instalações da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), maior presídio de Roraima.
Após a finalização da coletiva de imprensa convocada pelo titular da Sejuc, Andre Fernandes, a FolhaWeb foi até o local da manifestação e constatou a concentração de mais de 50 pessoas, entre mulheres e crianças de colo. A transferência dos detentos da CPMBV ocorreu de forma sigilosa, no período desta madrugada.
“Não tivemos qualquer informação a respeito. Simplesmente transferiram [os presos] de uma hora para outra. Já era uma complicação para conseguir visitar meu marido aqui na Cadeia, e agora não sei como vai ficar, se ele foi ou não transferido, porque nem a lista de transferidos foi divulgada”, relatou a esposa de um detento, que pediu para não ser identificada.
Entre 2016 e 2017, o sistema prisional local foi palco de dois grandes massacres de detentos e várias fugas. Todos esses atos estão diretamente relacionados a guerra entre as facções que se instalaram no Estado. Por conta disso, a Sejuc tomou a decisão de separar os presos por organizações criminosas, medida que acabou ganhando reforço no ano passado com a implantação da intervenção federal.
“Nós temos medo que ocorra uma nova rebelião dentro da cadeia, porque ali não tem segurança total para comportar mais de dois mil presos, como foi dito na coletiva que o secretário participou. É muita gente e nós esperamos pelo menos que haja uma separação [na Pamc]”, comentou outra manifestante.
Parentes de presos da Pamc também estiveram no ato desta manhã, uma vez que alegam que a unidade não está permitindo a visita de familiares desde o fim do maio.
“A última visita foi no dia 31 de maio e desde então eles ficaram de estabelecer os critérios [de visitas], mas até hoje nada. E provavelmente vai ficar pior, com essa transferência para a Pamc. Eu estou aqui não só por mim, que sou mãe de um detento da Penitenciária, que está em poder ver seu filho, mas também pelas outras mães esposas que estão nessa situação”, ressaltou a funcionária pública Lucivania Jasmelinda, de 50 anos.
A reportagem também apurou que com a transferência dos presos, a Cadeia Pública passa a contar somente com detentos em remição de pena, uma base de aproximadamente 150 homens.
Já em relação as visitas na Pamc, o secretário da Sejuc, André Fernandes, informou durante a coletiva de imprensa hoje (12), que a previsão inicial é que as atividades sejam retomadas na primeira semana de agosto.