Familiares denunciam dificuldades para visitar detentos na Pamc

Sejuc diz seguir calendário de visitação rigorosamente e que internos em sanções disciplinares podem ter visita cancelada pela Justiça

Familiares denunciam dificuldades para visitar detentos na Pamc

Familiares relatam dificuldades para visitar detentos na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), o maior presídio de Roraima. Alguns dizem gastar até R$ 200 para sair do interior do Estado e se deparar com os portões fechados em virtude da mudança repentina no calendário de visitação.

Na manhã desta segunda-feira (10), cerca de 30 pessoas, entre esposas, mães e pais de presos, se acamparam em frente à unidade prisional na espera por algum posicionamento sobre as visitas. Segundo eles, desde novembro de 2024, a visitação é constantemente cancelada sem aviso prévio.

Mãe de um detento, Leila Souza, 44, cobra melhores condições para o dia das visitas. Ela conta que segue corretamente o calendário, mas quando chega à Pamc, é informada de que as vistas são suspensas ou adiadas por causa de transferência de presos entre alas.

“É muito triste não poder visitar nossos filhos, porque tem mães que são do interior e pagam R$ 100 ou R$ 200 para chegar até a capital e, quando chega, não tem visita. Sim, eles estão pagando pelos seus atos, mas nós somos mães e queremos ver nossos filhos. Eu e as outras mães e pais solicitamos um tratamento digno com os familiares”, relatou.

Outro familiar confirma as dificuldades nas visitas. José da Conceição, 73, é aposentado e, semanalmente, deixa São Luiz do Anauá, no Sul do Estado, com a esperança de ver o filho preso há dez anos na Pamc, em Boa Vista.

“Novamente o serviço carcerário fala em cima da hora que não podem receber visitas, eles avisam quando já estamos aqui, com os itens de higiene, roupas e comida, porque eles precisam, já que as alas estão em situações precárias. Sinceramente é uma falta de dignidade. Foi dito para nós que as visitas seriam suspensas até abril ou maio, eu já estou uns quatro meses sem ver meu filho”, relatou José.

Familiares também reclamaram das más condições de alimentação e de horário irregular das refeições, sendo o café servido entre 12h e 13h e o almoço e janta durante o início da madrugada. Citam, ainda, a superlotação na unidade e que, supostamente, os kits de higiene e alimentação que enviam aos detentos não estariam chegando até eles.

O que diz a Sejuc

Em nota, a Secretaria da Justiça e da Cidadania (Sejuc) esclareceu questões sobre o calendário de visitas, alimentação e estrutura da Pamc. Confira a nota completa:

“A Secretaria da Justiça e da Cidadania esclarece que o calendário de visita é seguido rigorosamente. No entanto, internos em sanções disciplinares ou com decisões judiciais de suspensões de visitas têm, por vezes, a visitação cancelada.

A Sejuc informa que a alimentação é rigorosamente fiscalizada no que se refere a qualidade e quantidade. Destacamos que a alimentação tem seu cardápio variado constantemente e seguem as orientações nutricionais previstas em contrato.

Sobre a estrutura das celas, a Sejuc ressalta que a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo está inclusive com manutenção predial com reformas em todas as celas e corredores da unidade, visando o bem-estar dos internos recolhidos naquela unidade prisional.

A Sejuc informa ainda que possui um centro de atendimento em que todas as dúvidas de visitantes e familiares podem ser sanadas antes da semana de visita, a fim de minimizar quaisquer transtornos.”