Familiares de detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC) estão denunciando a falta de alimentação para os presos, que já dura cerca de 15 dias. No mês passado, a empresa responsável pelo fornecimento dos alimentos chegou a suspender as atividades por quase uma semana, em razão do não pagamento por parte do Governo do Estado. Contudo, após um acordo judicial entre as partes, a empresa retomou os serviços.
A mãe de um reeducando, que pediu para não ser identificada, disse que tem levado sacolões de três em três dias a quase duas semanas, desde que o filho parou de receber alimentação. Ela informou que tem levado as notas das compras que têm feito à Defensoria Pública. “O Estado deveria manter eles lá dentro e não mantém. Tenho gastado o que eu não tenho para o meu filho não morrer de fome, porque ele já tá pagando pelo que fez estando preso”, contou.
Os familiares chegaram a enviar fotos de alguns detentos para mostrar o nível de magreza dos mesmos. Na semana passada, a mãe do reeducando constatou que o filho estava magro. “É de cortar o coração. Além de não comer direito, ele ainda tá doente. Quando a gente vai ver, a rede de esgoto tá a céu aberto, em condições desumanas”, relatou. Neste domingo, 18, a mãe pretende visitar o filho para saber a atual situação do mesmo.
A tia de um dos presos também denunciou a situação à Folha. Além da falta de alimentação, ela destacou a situação das inúmeras mães e esposas que, sem o marido em casa, precisam sustentar a família e ainda garantir alimento aos familiares. “Quando a comida entra, eles ainda dividem. Aquela estrutura é precária para alojar um preso, por isso eles saem pior do que entraram”, comentou.
Assim como outros parentes, a denunciante ajuda o sobrinho quando pode, levando arroz, feijão, farinha, macarrão e carnes, ainda que a maioria dos alimentos seja barrado por alguns agentes. “Não vou tirar a razão dos funcionários, até porque a empresa que fornece não está recebendo, mas na semana passada só entrou um quilo de cada alimento. É assim que eles estão sobrevivendo. Tem mãe que leva uma comidinha pronta e nem entra”, criticou.
CÉU ABERTO – Algumas das fotos recebidas pela reportagem foram em relação ao esgoto da Pamc. Nas fotos, é possível ver que não há tratamento básico de esgoto na unidade, de modo que o local se torna um ambiente propício para doenças perigosas e outras contaminações.
(Foto: Divulgação)
Pagamento da empresa deve ser feito na próxima semana
Sobre o assunto, a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que o pagamento da alimentação fornecida para as unidades do sistema prisional de Roraima, conforme Acordo de Cooperação assinado na última terça-feira, 13, por representantes do Governo Federal e pela governadora Suely Campos, será feita por gestores indicados pela União, após homologação do Acordo pela Justiça Federal, o que deve ocorrer na próxima semana. Com a homologação do Acordo, o Estado de Roraima designará, em até 48 horas, por meio de Decreto, os administradores provisórios dos sistemas prisionais e socioeducativo, que permanecerão no cargo até o dia 31 de dezembro deste ano. Os servidores escolhidos pela União terão autonomia para ordenar despesas, requisitar documentos, ter acesso a processos de contratação, pagamentos e realizar outros atos necessários à gestão e administração das unidades prisionais e de internação socioeducativa. (A.G.G)