AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Familiares de presos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (PAMC) denunciaram à Folha que os presos internados no Hospital Geral de Roraima (HGR) por conta da piodermite, estariam sendo levados de volta ao sistema prisional pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) sem a devida finalização do tratamento contra a doença e sem alta hospitalar.
Irmã de um desses presos que está há quatro meses em reclusão, S.A. questionou as razões da retirada dele do hospital, sem que a família fosse comunicada sobre o estado de saúde dele.
“Os remédios que a gente comprou ficou com a gente e não levaram com meu irmão; e ficamos sem saber de nada. Se ele não terminou o tratamento vai voltar tudo de novo, então porque tirar ele de lá e levar para a PAMC outra vez? Por que não deixam pelo menos ele ser tratado? Ele errou e sabe disso, mas ninguém merece pagar dessa forma. É desumano o que estão fazendo”, relatou a mulher.
“A gente pede isso da justiça, para que ele possa se tratar em casa, pois desse jeito ele vai piorar, essa bactéria vai evoluir e isso vem ocorrendo há mais de um mês. Eu peço que o meu irmão seja tratado, pois ele não aguentava nem dormir”, suplicou.
E.M., esposa de outro detento, também conversou com a reportagem e disse que seu marido foi preso há quatro meses e tem mais de um mês que estava gritando de dor e pedindo para ir ao médico. Ele estaria com tuberculose, princípio de derrame, pedra nos rins e líquido no pulmão. Segundo relata a denunciante, o estado de saúde dele teria piorado depois de ter se alimentado de uma comida na unidade prisional.
“Quando o encaminharam para o hospital, os médicos falavam que iam tirar esse líquido no pulmão dele, porque precisava usar dreno, por conta dessa água no pulmão dele. Só que toda vez que os carcereiros o encaminhavam para a consulta, o médico não estava lá. E ele só estava tomando dipirona e soro”, expôs.
E.M. ainda diz que, quando levaram o detento de volta a PAMC, ele teria reclamado de muitas dores nas costas. De acordo com o relato, os médicos teriam constatado o começo do derrame, mas não teriam tomado providências. “Ele nem sequer tinha começado o tratamento antes de sair de lá”, completou.
A primeira denunciante, S.A., afirma já ter levado a situação ao Ministério Público de Roraima (MPRR), pedindo providências.
Comissão de direitos humanos confirma saída de presos
Hélio Abozaglo explicou como a família deve fazer a denúncia na Comissão (Foto: Diane Sampaio/Folha BV)
O presidente da comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Roraima (OAB-RR), Hélio Abozaglo Elias, confirmou que também recebeu a confirmação de alta de quatro detentos, que retornaram ao sistema prisional. Os outros presos ainda permanecem internados no HGR.
Abozaglo disse ainda que no final da tarde dessa segunda-feira (27) recebeu a informação de que um detento veio a óbito no Hospital Geral de Roraima e que de acordo com informações repassadas pela esposa do presidiário, o homem estava na UTI com pneumonia e respirava com ajuda de aparelhos.
Por fim, o presidente da comissão explicou como os familiares devem levar essa denúncia à OAB, que fica localizada na Avenida Ville Roy, no. 4.284 bairro Aparecida. “Basta irem ao nosso prédio, procurarem a Comissão e aí a gente pega as informações pessoais do denunciante e a situação ocorrida. A partir daí, encaminhamos o caso para as autoridades competentes”, finalizou.
Sesau nega retirada de detentos sem alta médica
Em resposta à denúncia recebida pela Folha, a direção-geral da unidade hospitalar da Secretaria de Saúde (Sesau) negou a retirada dos detentos da Pamc do HGR, pontuando que nenhum paciente recebe alta se não tiver condições clínicas para retornar à unidade. “Todo o acompanhamento médico necessário está sendo realizado pela equipe da unidade”, acrescenta a nota.
Por fim, ressaltou que 13 detentos daquela unidade prisional ainda se encontram internados em tratamento médico e apenas um paciente internado com Piodermite segue sem previsão de alta.