Cotidiano

Familiares são contra mudança de nome em escola indígena no Bonfim

Segundo parentes de Joaquim Thomé, a mudança de nome fere a memória da família e a contribuição dele ao estado de Roraima

Familiares de Joaquim Thomé estão revoltados com a lei que altera o nome da escola que faz homenagem ao pioneiro da região da Serra da Lua, comunidade Moskow, município do Bonfim. 

O Projeto de Lei nº001/2021 foi proposto pelo vereador Nonato Moskow (PROS) no dia 04 de maio. Recentemente a família Thomé soube da aprovação do PL pela Câmara Municipal do Bonfim.

“A gente procura somar e não desconstruir o que já foi construído. Se tem uma pessoa para homenagear, e falando deles nas pessoas de vereador e prefeito, vamos trabalhar outras necessidades da comunidade para homenagear outras figuras importantes”, disse Cristina Horta Thomé, bisneta de Joaquim.

Com a aprovação, a unidade passa a se chamar Escola Municipal Tuxaua Alexandre Mateus. No documento, o vereador justifica a mudança como homenagem a “um dos primeiros moradores daquela comunidade que foram agraciados com a sua presença”. 

Conforme o PL, Alexandre nasceu em 1932 e chegou a atual comunidade Moskow em 1974. Teve nove filhos com Agda Gomes, lutou pela demarcação e melhoria da comunidade e faleceu em 2007.

No entanto, a escola recebeu o nome de Joaquim Thomé em 1977, mas foi fundada por ele há mais de 70 anos. Segundo os familiares, essa era uma homenagem ao homem que ensinou os filhos, trouxe a primeira professora para ensinar as crianças da propriedade e contribuiu para a história de Roraima.

“Ele representa um segmento da sociedade. Que fique claro que não é defendendo o nome da minha família, mas sim um patrimônio histórico do estado. Muitas famílias já passaram por ali e tem netos e bisnetos de muitos moradores que estiveram na região a anos atrás”, relatou a bisneta de Joaquim.


Cristina Horta Thomé, bisneta de Joaquim: “A gente procura somar e não desconstruir o que já foi construído”

BEM PATRIMONIAL TOMBADO – Cristina ainda disse estar mais descontente porque a escola é tombada como bem patrimonial de Roraima pela lei nº 734, de 22 de julho de 2009. Conforme o advogado Wilson Précoma, mesmo que a escola, atualmente, esteja pelo município do Bonfim, ela ainda é um bem estadual.

“As pessoas envolvidas não se sentiram e não fizeram nada. Eles não podem trocar o nome e nem desconfigurar a escola. Se houve um destombamento municipal, ele é nulo porque não pode destombar o que um ente superior tombou. Para que não continue essa situação, ela tomou essa atitude de denunciar”, disse o advogado.

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com o vereador Nonato Moskow e com o presidente da Câmara Municipal de Bonfim, Domingos Costa, mas os telefones estavam desligados.