O inverno rigoroso e a crise econômica estão sendo apontados como os grandes vilões para o setor da construção civil em Roraima. De acordo com o Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Roraima (Sinduscon-RR), o setor demitiu mais de mil trabalhadores no ano passado, o pior desempenho em 10 anos. As demissões em massa também estão ocorrendo em 2016.
Um dos reflexos da baixa na construção civil no Estado foi a queda no preço do tijolo, noticiada pela Folha esta semana. As olarias em vários municípios estavam com uma grande quantidade de tijolo estocado. Para vender o produto, os oleiros até baixaram o preço do milheiro, de R$ 270,00 para R$ 230,00 (para pegar no local).
Segundo o vice-presidente do Sinduscon, Clerlânio Holanda, o primeiro semestre de 2016 seguiu o mesmo ritmo do ano passado. “De uma forma geral, em todo o Brasil, o setor de construção civil tem aumentado as demissões e passado por um momento muito difícil. Isso ocorre principalmente em função dessa crise econômica e política no País”, disse.
Conforme ele, grande parte dos recursos do Governo Federal para o setor estão sendo contingenciados, o que acarretou na redução do número de obras. “Seja através do “Minha Casa, Minha Vida” ou do Programa de Aceleração do Crescimento [PAC], não estão sendo liberados. Ocorreu uma redução significativa nessas obras, o que fez com que as empresas demitissem os funcionários e acarretasse uma crise no setor”, explicou.
Outro fator destacado por Holanda para a desaceleração no setor foi a alta na taxa de juros cobrada pelos bancos a quem procura financiamento para a casa própria ou empreendimentos. “Estamos na expectativa desses programas serem relançados. Existe uma promessa do Governo Federal, porque no momento estamos apenas trabalhando em obras que estão paradas. Por enquanto, não tem nada de empreendimento novo, então as empresas não estão podendo planejar e nem contratar, porque não tem perspectiva em curto e médio prazo”, avaliou.
Além da crise, o período chuvoso tem atrapalhado o setor no Estado. “As pessoas têm dificuldade de construir nesse período. Este ano o inverno está normal, mas nos anteriores foi um inverno fraco. As chuvas atrapalham muito o setor, então as pessoas que estão com o serviço para fazer, seja ele particular ou comercial, aguardam parar esse período chuvoso para retomar e as contratações ficam postergadas”, frisou.
Mesmo com o cenário desfavorável, ele se disse otimista quanto à recuperação do setor ainda este ano. “Esperamos que o setor possa voltar a crescer, a contratar e fazer com que essas demissões parem e a cadeia produtiva possa voltar a funcionar no nosso Estado”, destacou. (L.G.C)