A fronteira do Brasil com a Venezuela continua fechada desde quinta-feira, 21, atendendo a ordens do presidente Nicolás Maduro. A passagem foi fechada entre a cidade de Pacaraima, em Roraima, e Santa Elena de Uairén, por volta das 20h, mas não foi reaberta às 7h do dia seguinte como de costume.
Havia milhares de pessoas na região, entre elas um grande número de taxistas, trabalhadores de transporte entre as cidades, e brasileiros e venezuelanos que desejavam passar de um país para o outro, aguardando a possibilidade de reabertura da fronteira ainda ontem. No entanto, a pequena multidão foi dispersa por militares da Força Nacional Venezuelana.
A alternativa encontrada foi passar a poucos metros da barreira terrestre, do lado leste, por meio de uma trilha entre as serras de Pacaraima. Caminhando pelo trecho, muitas famílias venezuelanas relataram discordar de Maduro, reclamando do fechamento da fronteira e afirmando que precisavam adquirir alimentos no Brasil, além de passar por consultas médicas.
Atentos à movimentação, os militares da Força Nacional montaram um paredão e impediram o trânsito das pessoas entre os países. Somente na tarde de ontem, as pessoas voltaram a transitar próximo à fronteira, vindas de outro trecho mais distante, do lado oeste da barreira.
Em cartaz improvisado, venezuelana mostra que apoia ajuda humanitária e chama Nicolás Maduro de assassino (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)
Uma delas era a administradora venezuelana Cristina Gonzales, de 27 anos, que atravessou a fronteira para chegar até Boa Vista, onde iria pegar um voo para o Chile.
“Chegamos por volta das 11h e disseram que nós não poderíamos passar. Viemos por um caminho alternativo para chegar a Boa Vista. Vou para o Chile. Na Venezuela está difícil, não tem oportunidade. Vou procurar um emprego”, relatou.
Ainda à tarde, houve várias tentativas de pessoas em veículos de seguirem viagem, porém, todos barrados, tendo sido liberada somente uma ambulância que seguiria para Boa Vista com os feridos em um conflito na Comunidade Kumaracapay, na Comunidade Indígena San Francisco de Yuruani, na Gran Sabana.
Um dos veículos barrados foi um ônibus de excursão de uma equipe de missionários da Igreja Católica. Impedidos de prosseguir viagem, eles fizeram uma missa no meio da estrada, próximo à barricada de guardas venezuelanos armados. Na oração, os fiéis pediram paz e pelo fim do sofrimento do povo venezuelano. (P.C.)