O governo estadual reabriu a nova Feira do Passarão, no bairro Caimbé, na zona Oeste de Boa Vista, nessa sexta-feira (13), 49 dias após a cerimônia de inauguração. O espaço vai funcionar de segunda a sábado, das 6h às 19h, uma hora de funcionamento a mais em relação ao antigo horário. Aos domingos, ela fechará às 14h.
A movimentação de clientes ainda é baixa e o local está limpo. Para atrair mais clientes, uma das estratégias da Secretaria Estadual de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação (Seadi) foi fixar, na entrada situada na avenida Ataíde Teive, uma faixa com os dizeres “Estamos Funcionando”.
Na manhã deste sábado (14), a Folha esteve no local e contabilizou que, dos 124 novos boxes, 78 ainda estavam fechados ou vazios. Os locais estão divididos entre os setores de hortifrúti, cereais, aves, açougues, pescados, polpas de frutas, serviços, utensílios em geral, restaurantes e lanchonetes. Na estrutura antiga, existiam cerca de 90 boxes e não havia, por exemplo, um estacionamento.
A diretora de comercialização do Iater (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural), Paula Silva, explicou que a abertura de todos os boxes foi dividida em duas fases, e que, atualmente, é executada a primeira com a transferência dos feirantes que estavam há sete anos na estrutura provisória, na rua Vovó Júlia, ao lado da feira.
Nessa estrutura provisória, montada em 2017 por causa do fechamento da feira para reforma, a Folha constatou o funcionamento de ao menos dois boxes na manhã deste sábado, ambos situados na entrada pela Ataíde Teive.
“Nesse primeiro momento, está vindo o pessoal realocado que estava trabalhando na feira provisória e, aos poucos, os que foram credenciados no edital de chamamento público estão entrando de forma gradativa”, esclareceu a diretora do Iater.
Paula Silva também reforçou que o instituto ainda está em fase de discussão com os feirantes sobre as regras internas da nova feira, quanto à comercialização, funcionamento, convivência e ainda a limpeza. As normas poderão, inclusive, prever punições para quem descumpri-las.
“A gente tem uma equipe de limpeza da feira, que vai trabalhar diuturnamente, de 6h às 19h. Vocês vão sempre ver a feira limpa. Dentro do regimento, a gente trabalhou a questão da limpeza da feira e a importância de mantê-la limpa, porque isso atrai os clientes”, disse, ressaltando ainda que os feirantes também passaram por capacitações diversas.
“A gente fez reunião com os feirantes pra trabalhar a questão da padronização. Nesse primeiro momento, eles vão entrar na forma que eles estão e, no máximo dois meses, vai estar tudo padronizado. Alguns feirantes pegaram créditos junto à Desenvolve Roraima, que é a agência de desenvolvimento de renda do Estado, pra fazer a padronização do espaço”, completou.
Feirante há dez anos na Feira do Produtor, Suzana Rodrigues de Souza, 39, relatou que “valeu a pena” esperar pela reabertura do espaço, onde vende polpas de frutas. É a única renda dela para sustenta as três filhas um ano após virar viúva. “Nada pra reclamar, porque tá tudo bom, estou feliz”, declarou.
Quem também aprovou o novo espaço foi o autônomo Antonio Conceição de Amaral, 57, cliente da feira há 26 anos. “Estou contente, tá diferente da outra feira, tá nova, tá bonita, sempre vim comprar aqui”, relatou.
A Folha também conversou com outros feirantes, que não quiseram gravar entrevistas e se dividiram entre elogios e críticas. As reclamações tiveram como alvo a alteração da estrutura original, que antes lembrava um grande pássaro.
Outra crítica foi ao rol de entrada, em que o cliente, ao chegar ao local, não visualiza todos os boxes de uma vez porque a estrutura física de novos boxes, logo na entrada, ofusca os outros concorrentes. Por outro lado, o elogio foi à segurança e a proteção dos feirantes contra tempestades.
O novo local tem ainda salas administrativas, recepção, apoio, arquivo, recursos humanos, administração, banheiros e até auditório. Segundo a gestão, o investimento total empregado na obra foi de R$ 12,9 milhões, com recursos próprios do Estado e de emenda parlamentar.
A Feira do Passarão foi inaugurada em novembro de 1994 pelo então governador Ottomar de Sousa Pinto. As obras da primeira reforma do local iniciaram em 2017, durante o Governo Suely, e estavam previstas para terminar em 2018.
O local ficou abandonado até 2021, quando o Governo Denarium incluiu a feira em um pacote de obras pelo Estado que totalizava R$ 372 milhões em investimentos. No mesmo ano, a gestão estadual autorizou o início da reforma, que tratou de desmontar completamente a estrutura original em formato de pássaro para leiloá-la por R$ 250 mil. A previsão era de que a reconstrução demoraria 180 dias, o que não ocorreu.